“Marxismo só tem sentido como um pensamento aberto”. Entrevista especial com Michael Löwy

Por Ricardo Machado, no IHU

Quando Karl Marx reflete acerca de assuntos econômicos, políticos e sociais, está imerso no espírito de seu tempo, o século XIX. Claro, é notória sua contribuição para compreender essa sociedade em transformação. “As tentativas de ‘superá-lo’ só levam a regressões: ao positivismo, ao liberalismo do século XIX, à economia política burguesa etc.”, destaca o professor Michael Löwy. Entretanto, para Löwy, leituras mais duras dos escritos limitam as possibilidades de manter o marxismo atual. “Graças aos trabalhos de John Bellamy Foster, Paul Burkett, Ian Angus e Kohei Saito, descobriu-se toda uma dimensão ecológica da obra de Marx, que havia sido totalmente ignorada pelas leituras da esquerda tradicional”, exemplifica.

É por isso que Löwy, na entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line, afirma que “o marxismo só tem sentido como um pensamento aberto, em constante evolução, buscando dar conta dos novos problemas e das novas perspectivas para a revolução”. Embora as sociedades capitalistas do século XIX e do século XXI sejam distintas em função das transformações, considera que ambas mantêm o funcionamento segundo a lógica do capital estudado por Marx. O que não quer dizer que para compreender uma basta olhar a outra. “O marxismo não se limita a Marx. Não se pode ignorar a riqueza do marxismo do século XX, em toda sua diversidade e suas contradições”, completa.

Michael Löwy é brasileiro, radicado na França. Licenciado em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo – USP, possui doutorado na Sorbonne. Em Paris, trabalha como diretor de pesquisas no Centre National de la Recherche Scientifique – CNRS; também já dirigiu um seminário na École des Hautes Études en Sciences Sociales.

Entre suas publicações, destacamos Centelhas – marxismo e revolução no século XXI, escrito com Daniel Bensaïd (São Paulo: Boitempo, 2014), Afinidades revolucionárias (São Paulo: Unesp, 2016), A jaula de aço: Max Weber e o marxismo weberiano (São Paulo: Boitempo, 2014) e O que é o cristianismo da Libertação (São Paulo: Editora Perseu Abramo, 2017).

Confira a entrevista.

IHU On-Line – A face mais conhecida da produção teórica de Marx é a política e a econômica. Que outras dimensões da vida e da sociedade Marx discutiu em seus textos? Qual a atualidade de seu pensamento?

Michael Löwy – A obra de Marx inclui dimensões culturais – seu interesse pela literatura francesa e inglesa é notório – antropológicas, por exemplo, em seus Cadernos Etnológicos, filosóficas (no conjunto de seus escritos de juventude, mas também na parte metodológica do Capital), historiográficas, religiosas (não só na crítica ao “ópio do povo”) etc. Era um autêntico espírito universal.

A atualidade de seu pensamento é imensa: como dizia Sartre [1] , ele é o horizonte intelectual de nossa época. As tentativas de “superá-lo” só levam a regressões: ao positivismo, ao liberalismo do século XIX, à economia política burguesa etc. Os dois aspectos decisivos desta atualidade são:

1) a análise científica do funcionamento do capitalismo e sua crítica feroz, como sistema intrinsecamente perverso, baseado na violência, na opressão e na exploração da maioria da população;

2) a proposta de uma alternativa radical ao capitalismo, uma sociedade sem classes e sem opressão, igualitária, libertária e democrática: o comunismo.

IHU On-Line – Marx era um crítico contumaz da religião, que para ele era uma forma de opressão e alienação. Contudo, o que está no centro da crítica à religião feita por Marx?

Michael Löwy – Muitos identificam a análise da religião de Marx com a fórmula “a religião é o ópio do povo” (Contribuição à crítica da filosofia do direito de Hegel, 1844). Esta fórmula não tem nada de propriamente marxista: a encontramos em Heine [2], em Moses Hess [3] e vários outros contemporâneos de Marx. Ela é mais bem neo-hegeliana, idealista, definindo a religião como uma essência filosófica intemporal. O estudo marxista, materialista histórico da religião começa com a Ideologia alemã (1846) que analisa a religião como uma das formas da ideologia, a ser interpretada do ponto de vista da luta de classes, em cada momento histórico concreto.

Na verdade, Marx não se interessou muito pela religião, foi Engels [4] que dedicou vários trabalhos a essa temática. O mais importante é A guerra dos camponeses (1850), que analisa os conflitos religiosos na Alemanha do século XVI do ponto de vista da luta de classes. Engels se interessa em especial pela figura do anabatista Thomas Münzer [5] , teólogo revolucionário e inspirador da luta emancipadora dos camponeses.

IHU On-Line – Qual foi a apropriação, a leitura, de Marx durante a Revolução Russa? E agora, um século depois desse episódio, como podemos reler a Revolução a partir das inúmeras recepções que foram surgindo ao pensamento marxiano?

Michael Löwy – E impossível resumir um século de história do marxismo em dois parágrafos… Os revolucionários russos tiveram a inteligência de reler Marx do ponto de vista de uma revolução socialista num país da periferia do sistema capitalista, rompendo assim com o pretenso marxismo ortodoxo da Segunda Internacional. Esta perspectiva já havia sido proposta por Trotsky [6] em 1906, com sua teoria da “revolução permanente”. O problema é que os bolcheviques se afastaram do programa democrático e libertário do comunismo de Marx, para defender, a qualquer preço, o poder revolucionário do Partido.

Esta crítica foi feita já em 1918 por Rosa Luxemburgo [7] , em seu panfleto sobre a Revolução Russa: ao mesmo tempo em que faz o elogio dos bolcheviques, de Lenin [8] e de Trotsky, critica seu autoritarismo e sua visão pouco democrática do poder.

IHU On-Line – Passados pouco mais de 150 anos da publicação de O Capital, estamos diante de uma sociedade que hegemonicamente se relaciona com o capitalismo como uma espécie de religião. Até que ponto o marxismo é a outra face dessa mesma “moeda messiânica” e até que ponto ele apresenta alternativas novas?

Michael Löwy – A crítica do capitalismo como religião já se encontra nos anos 1920 em escritos de Ernst Bloch [9] e Walter Benjamin [10] . A Teologia da Libertação [11] (Assmann [12], Hinkelammert [13] , Jon Sobrino [14] ) desenvolveu brilhantes análises da idolatria do mercado no capitalismo, articulando a crítica dos profetas bíblicos ao culto dos ídolos com a teoria marxista do fetichismo da mercadoria.

O marxismo nada tem a ver com esta “moeda”, que não é messiânica, mas sim um imenso ritual ao redor do Bezerro de Ouro [15] . Será o marxismo uma teoria messiânica? Nos escritos de Walter Benjamin se propõe uma leitura do materialismo histórico em perspectiva messiânica.

IHU On-Line – Quais os limites e as possibilidades de compreensão do pensamento de Marx nas sociedades contemporâneas que parecem ser mais complexas e difíceis de compreender que as primitivas sociedades industriais do século XIX?

Michael Löwy – Obviamente as sociedades capitalistas contemporâneas são muito diferentes das do século XIX, mas ainda funcionam segundo a lógica implacável do capital estudada por Marx: a acumulação do capital e a extração do lucro como critério único e exclusivo da atividade econômica. Mas, sem dúvidas, são necessárias novas análises para dar conta das caraterísticas específicas do capitalismo atual. Felizmente existem muitos trabalhos de autores marxistas modernos, que desenvolvem análises inovadoras neste terreno, desde Ernest Mandel [16] até David Harvey [17], István Mészáros [18] ou Immanuel Wallerstein [19] – sem falar dos inúmeros estudiosos latino-americanos e brasileiros.

IHU On-Line – Como os novos estudos sobre Marx revelam um autor muito mais heterodoxo do que sugere a leitura ortodoxa, via de regra de esquerda, de seus escritos?

Michael Löwy – Graças aos trabalhos de John Bellamy Foster [20], Paul Burkett [21], Ian Angus [22] e Kohei Saito, descobriu-se toda uma dimensão ecológica da obra de Marx, que havia sido totalmente ignorada pelas leituras da esquerda tradicional. Os escritos pioneiros de Teodor Shanin [23] sobre Marx e a Rússia abriram novas perspectivas, e o mesmo vale para Kevin Anderson [24] em seu brilhante livro sobre Marx e os povos não europeus. São apenas alguns exemplos de muitas leituras “heterodoxas” de Marx.

IHU On-Line – O livro de Marcello Musto O velho Marx: uma biografia de seus últimos anos (1881-1893) [25] joga luz sobre um período da vida de Marx menos conhecido. O que essas novas informações revelam sobre ele? Ele chegou a repensar seus próprios conceitos e idiossincrasias?

Michael Löwy – Marcello Musto é o primeiro a analisar com profundidade o “Último Marx” (1881-1883), descobrindo as fascinantes pistas que abriu, nestes derradeiros anos, o grande adversário do capitalismo.

O quadro que vão desenhando estes escritos – certo, inacabados, e não sistemáticos – é de um Marx extraordinariamente “heterodoxo”, isto é, pouco conforme com o marxismo pseudo-ortodoxo – por exemplo estalinista – que tanto estrago fez no curso do século XX. Um Marx que critica impiedosamente o economicismo, a ideologia do progresso linear, o evolucionismo, o fatalismo histórico, o determinismo mecânico. O exemplo mais impressionante desta reflexão são os últimos escritos sobre a Rússia, examinando a possibilidade para este país de escapar dos horrores do capitalismo. A morte interrompeu um extraordinário processo de reelaboração, de reformulação, de reinvenção do materialismo histórico e da teoria da revolução.

IHU On-Line – Deseja acrescentar algo?

Michael Löwy – A obra de Marx é indispensável para pensar o mundo de hoje e buscar sua transformação. Mas o marxismo não se limita a Marx. Não se pode ignorar a riqueza do marxismo do século XX, em toda sua diversidade e suas contradições: Lenin, Rosa Luxemburgo, Trotsky, Gramsci [26] , José Carlos Mariategui [27] , Georg Lukács [28] , Ernst Bloch, Walter Benjamin e tantos outros que contribuíram para entender os fenômenos do século XX: imperialismo, fascismo, estalinismo…

Na verdade, o marxismo só tem sentido como um pensamento aberto, em constante evolução, buscando dar conta dos novos problemas e das novas perspectivas para a revolução.

Notas:

[1] Jean-Paul Sartre (1905-1980): filósofo existencialista francês. Escreveu obras teóricas, romances, peças teatrais e contos. Seu primeiro romance foi A náusea (1938), e seu principal trabalho filosófico é O ser e o nada (1943). Sartre define o existencialismo em seu ensaio O existencialismo é um humanismo como a doutrina na qual, para o homem, “a existência precede a essência”. Na Crítica da razão dialética (1964), Sartre apresenta suas teorias políticas e sociológicas. Aplicou suas teorias psicanalíticas nas biografias Baudelaire (1947) e Saint Genet (1953). As palavras (1963) é a primeira parte de sua autobiografia. Em 1964, foi escolhido para o prêmio Nobel de literatura, que recusou. (Nota da IHU On-Line).

[2] Heinrich Heine [Christian Johann Heinrich Heine] (1797-1856): poeta romântico alemão, conhecido como “o último dos românticos”. Boa parte de sua poesia lírica, especialmente a sua obra de juventude, foi musicada por vários compositores notáveis como Robert Schumann, Franz Schubert, Felix Mendelssohn, Brahms, Hugo Wolf, Richard Wagner e, já no século XX, por Hans Werner Henze e Lord Berners. (Nota da IHU On-Line)

[3] Moses Hess (1812-1875): foi um precursor do que mais tarde se chamaria sionismo trabalhista ou socialista. Suas obras mais importantes são História Sagrada da Humanidade por um discípulo de Espinoza (1837), Triarquia europeia (1841), Roma e Jerusalém (1862) e Consequences of a Revolution of the Proletariat (1847). Mudou seu nome para Moritz Hess, tendo mais tarde o revertido para Moses. (Nota da IHU On-Line)

[4] Friedrich Engels (1820-1895): filósofo alemão que, junto com Karl Marx, fundou o chamado socialismo científico ou comunismo. Ele foi coautor de diversas obras com Marx, entre elas Manifesto Comunista. Grande companheiro intelectual de Karl Marx, escreveu livros de profunda análise social. (Nota da IHU On-Line)

[5] Thomas Muentzer (ou Müntzer, Münzer), (1489-1525): sacerdote do início da Reforma Protestante. Foi ordenado padre em 1513, tendo sido feito padre de São Miguel em Braunschweig, em maio de 1514. Juntou-se à Reforma de Martinho Lutero, tendo-se tornado pastor em Zwickau, em 1520, por recomendação de Lutero. Lutero, no entanto, não foi tão longe como Muentzer, que cortou relações em 1521 por divergências quanto ao batismo de crianças, entre outros assuntos, tendo fundado a sua própria seita religiosa. Por esta razão, Muentzer é considerado um dos fundadores do Movimento Anabatista. No entanto, é questionável se ele próprio alguma vez foi “rebatizado”. Foi expulso de Zwickau pelas autoridades em 1521. Em 1522, envolveu-se numa disputa com Lutero. Em 1523, casou-se com uma antiga freira e tornou-se o pastor de Allstadt, onde pregou até 1524, ano em que se tornou um dos líderes das revoltas que ficaram conhecidas como a Guerra dos Camponeses. Em 1515, ele liderou um grupo de cerca de 8000 camponeses na Batalha de Frankenhausen, convencido que Deus iria intervir do seu lado. Muentzer foi capturado e aprisionado. Sob tortura ele abjurou o protestantismo para não ser queimado, sendo decapitado em 27 de maio de 1525. O livro mencionado pelo entrevistado é Thomas Münzer: teólogo da revolução. Rio de Janeiro: Edições Tempo Brasileiro, 1963. (Nota da IHU On-Line)

[6] Leon Davidovich Trotsky (1870-1940): revolucionário bolchevista e intelectual marxista, político influente na União Soviética. Com Joseph Stalin, na União Soviética dos anos 1920, foi expulso do Partido Comunista e deportado da União Soviética. Foi assassinado no México por um agente soviético a mando de Stalin. Frida Kahlo e Diego Rivera hospedaram Trotsky em sua estadia no México. As ideias de Trotsky constituem a base da teoria comunista do trotskysmo. (Nota da IHU On-Line)

[7] Rosa Luxemburgo (1870-1919): filósofa marxista e revolucionária polonesa. Participou na fundação do grupo de tendência marxista que viria a tornar-se, mais tarde, o Partido Comunista Alemão. (Nota da IHU On-Line)

[8] Lenin [Vladimir Ilyich Ulyanov] (1870-1924): revolucionário russo, responsável em grande parte pela execução da Revolução Russa de 1917, líder do Partido Comunista e primeiro presidente do Conselho dos Comissários do Povo da União Soviética. Influenciou teoricamente os partidos comunistas de todo o mundo. Suas contribuições resultaram na criação de uma corrente teórica denominada leninismo. (Nota da IHU On-Line)

[9] Ernst Bloch (1885-1977) foi um dos principais filósofos marxistas alemães do século XX. Escreveu durante sua vida sobre os mais diversos assuntos, mas especialmente sobre utopia, pelo qual hoje é conhecido. Exerceu uma influência difusa em diferentes ambientes intelectuais: Theodor W. Adorno, Walter Benjamin, os teólogos Jürgen Moltmann, Johann Metz e Gustavo Gutiérrez (e com ele a Teologia da Libertação), o movimento ecologista na Alemanha, Herbert Marcuse, Fredric Jameson, Hans Heinz Holz, dentre outros. (Nota da IHU On-Line)

[10] Walter Benjamin (1892-1940): filósofo alemão. Foi refugiado judeu e, diante da perspectiva de ser capturado pelos nazistas, preferiu o suicídio. Associado à Escola de Frankfurt e à Teoria Crítica, foi fortemente inspirado tanto por autores marxistas, como Bertolt Brecht, como pelo místico judaico Gershom Scholem. Conhecedor profundo da língua e cultura francesas, traduziu para o alemão importantes obras como Quadros parisienses, de Charles Baudelaire, e Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust. O seu trabalho, combinando ideias aparentemente antagônicas do idealismo alemão, do materialismo dialético e do misticismo judaico, constitui um contributo original para a teoria estética. Entre as suas obras mais conhecidas, estão A obra de arte na era da sua reprodutibilidade técnica (1936), Teses sobre o conceito de história (1940) e a monumental e inacabada Paris, capital do século XIX, enquanto A tarefa do tradutor constitui referência incontornável dos estudos literários. Sobre Benjamin, confira a entrevista Walter Benjamin e o império do instante, concedida pelo filósofo espanhol José Antonio Zamora à IHU On-Line nº 313. (Nota da IHU On-Line)

[11] Teologia da Libertação: escola teológica desenvolvida depois do Concílio Vaticano II. Surge na América Latina, a partir da opção pelos pobres, e se espalha por todo o mundo. O teólogo peruano Gustavo Gutiérrez é um dos primeiros que propõe esta teologia. A teologia da libertação tem um impacto decisivo em muitos países do mundo. Sobre o tema confira a edição 214 da IHU On-Line, de 2-4-2007, intitulada Teologia da libertação. Leia, também, a edição 404 da revista IHU On-Line, de 5-10-2012, intitulada Congresso Continental de Teologia. Concílio Vaticano II e Teologia da Libertação em debate. (Nota da IHU On-Line)

[12] Hugo Assmann (1933-2008): foi teólogo católico brasileiro que desenvolveu importante obra após o Concílio Vaticano II. É considerado um dos pioneiros da Teologia da Libertação no Brasil. Até 1994, Assmann foi predominantemente um teólogo, mas a partir de então, passaram a predominar em suas publicações textos sobre os paradigmas educacionais e a questão da corporeidade. A partir de 1997, suas pesquisas se direcionaram prioritariamente para questões educacionais no interior da Sociedade do Conhecimento, em 2005, encerrou suas atividades no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep). Nos últimos dez anos de sua produção científica, Assmann foi influenciado pela teoria da complexidade elaborada por Edgar Morin. (Nota da IHU On-Line)

[13] Franz Hinkelammert (1931): economista, influenciado pelo marxista luterano Helmut Gollwitzer, obteve doutorado em Economia pela Universidade Livre de Berlim. Entre 1963 e 1973, foi professor da Universidade Católica do Chile e integrante do CEREN. Entre 1973 e 1976, foi professor da Universidade Livre de Berlim. Entre 1978 e 1982, foi diretor do curso de Pós-Graduação em Política Econômica da Universidade Autônoma de Honduras e professor e investigador do Conselho Superior Universitário Centroamericano (CSUCA). Foi fundador, diretor e docente do Departamento Ecumênico de Investigações (DEI), em San José (Costa Rica). Como economista, tinha especial interesse pela ideologia da economia. Começou a se interessar por sociologia por meio da leitura de textos de Max Weber e de Karl Marx, e por teologia, por meio da leitura de textos de Helmut Golwitzer. Em 1963, Himkelammert chegou ao Chile, convidado pela Fundação Adenauer. Na época, era ligada à democracia cristã, que contava com correntes reformistas no Chile. Ministrou cursos sobre utopia, projetos de transformação, teorias de desenvolvimento, teoria da dependência e outros temas afins na universidade e em movimentos sociais. Nesse processo rompeu com a democracia cristã e com a Fundação Adenauer. (Nota da IHU On-Line)

[14] Jon Sobrino (1938): teólogo espanhol, jesuíta, que em 27-12-1938 entrou para a Companhia de Jesus e em 1956 e foi ordenado sacerdote em 1969. Desde 1957, pertence à Província da América Central, residindo habitualmente na cidade de San Salvador, em El Salvador, país da América Central, que ele adotou como sua pátria. Licenciado em Filosofia e Letras pela Universidade de St. Louis (Estados Unidos), em 1963, Jon Sobrino obteve o master em Engenharia na mesma Universidade. Sua formação teológica ocorreu no contexto do espírito do Concílio Vaticano II, a realização e aplicação do Vaticano II e da II Conferência Geral do Conselho Episcopal Latino-Americano, em Medellín, em 1968. Doutorou-se em Teologia em 1975, na Hochschule Sankt Georgen de Frankfurt (Alemanha). É doutor honoris causa pela Universidade de Lovain, na Bélgica (1989), e pela Universidade de Santa Clara, na Califórnia (1989). Atualmente, divide seu tempo entre as atividades de professor de Teologia da Universidade Centroamericana, de responsável pelo Centro de Pastoral Dom Oscar Romero, de diretor da Revista Latinoamericana de Teologia e do Informativo “Cartas a las Iglesias”, além de ser membro do comitê editorial da Revista Internacional de Teólogia Concilium. A respeito de Sobrino, confira a ampla repercussão dada pelo site do IHU em suas Notícias do Dia, bem como o artigo A hermenêutica da ressurreição em Jon Sobrino, publicada na editoria Teologia Pública, escrita pela teóloga uruguaia Ana Formoso na edição 213 da IHU On-Line, de 28-3-2007. A IHU On-Line também produziu uma edição especial, intitulada Teologia da Libertação, no dia 2-4-2007, a edição 214. Sobre a censura do Vaticano a Sobrino, confira: Teólogos espanhóis criticam a condenação de Jon Sobrino, ‘Jon Sobrino, com o tempo, será reabilitado’, afirma Ernesto Cavassa, Notificação a Jon Sobrino. Teólogos apelam por reforma da Congregação para a Doutrina da Fé, O caso Jon Sobrino como sintoma. Um artigo de Andrés Torres Queiruga. (Nota da IHU On-Line)

[15] Bezerro de ouro: é o ídolo que, de acordo com a tradição judaico-cristã, foi criado por Arão quando Moisés havia subido o monte Sinai para receber os mandamentos de Deus. O povo de Israel então forçara Arão a criar um ídolo que os reconduzisse ao Egito onde haviam sido escravos. Este incidente é conhecido em hebraico como Khet ha’Egel (חטא העגל) ou O pecado do bezerro [carece de fontes] e é descrito na Bíblia, no livro de Shemot (Êxodo 32:1-8). (Nota da IHU On-Line)

[16] Ernest Ezra Mandel (1923-1995): foi um economista e político belga, considerado um dos mais importantes dirigentes trotskistas da segunda metade do século XX. Além disso, foi significativa a sua contribuição teórica ao Marxismo antistalinista. Como economista, especializou-se no estudo das crises cíclicas. Também era conhecido como Ernest Germain, Pierre Gousset, Henri Vallin, Walter etc. (Nota da IHU On-Line)

[17] David Harvey (1935): é um geógrafo marxista britânico, formado na Universidade de Cambridge. É professor da City University of New York e trabalha com diversas questões ligadas à geografia urbana. (Nota da IHU On-Line)

[18] István Mészáros (1930-2017): foi um filósofo húngaro e está entre os mais importantes intelectuais marxistas da atualidade. Professor emérito da Universidade de Sussex, na Inglaterra, onde ensinou filosofia por quinze anos, anteriormente foi também professor de Filosofia e Ciências Sociais na Universidade de York, durante quatro anos. (Nota da IHU On-Line)

[19] Immanuel Wallerstein (1930): sociólogo estadunidense, mais conhecido pela sua contribuição fundadora para a teoria do sistema-mundo. Seus comentários bimensais sobre questões globais são distribuídos pela Agence Global para publicações como Le Monde diplomatique e The Nation. No Brasil, seus artigos são publicados na revista Fórum e na revista virtual Outras Palavras. (Nota da IHU On-Line)

[20] John Bellamy Foster (1953): é professor de sociologia na Universidade de Oregon e também editor da Monthly Review. Escreve sobre economia política do capitalismo e crise econômica, ecologia e crise ecológica e teoria marxista. Ele deu inúmeras entrevistas e palestras, bem como fez comentários escritos, artigos e livros sobre o assunto. (Nota da IHU On-Line)

[21] Paul Burkett: professor de economia na Indiana State University e autor de Marx and Nature. A red and green perspective (Marx e a natureza: uma perspectiva vermelha e verde). New York: St. Martin´s Press, 1999. (Nota da IHU On-Line)

[22] Ian Angus (1945): é um ativista ecossocialista canadense. Angus ingressou no Novo Partido Democrático (NDP) em 1962 e depois nos Young Socialists (YS) em Ottawa em 1964. Ele atuou no YS e na Liga pela Ação Socialista na década de 1970. Angus participou da formação da Liga Operária Revolucionária do partido trotskista canadense (RWL; fusão da LSA com o Grupo Marxista Revolucionário e Groupe Marxiste Revolutionaire) em 1977. Ele deixou a RWL em 1980 e foi um escritor marxista independente. (Nota da IHU On-Line)

[23] Teodor Shanin (1930): sociólogo britânico que foi durante muitos anos professor de sociologia na Universidade de Manchester. Acredita-se que ele seja pioneiro no estudo do campesinato russo no Ocidente. Após o colapso da União Soviética, Shanin mudou-se para a Rússia onde, com financiamento do Open Society Institute, Fundação Ford e outros, fundou a Escola de Moscou para as Ciências Sociais e Econômicas em 1995. Shanin é Presidente da Escola de Moscou, professor emérito da Universidade de Manchester e membro honorário da Academia Russa de Ciências Agrárias. (Nota da IHU On-Line)

[24] Kevin B. Anderson (1948): sociólogo da Califórnia e humanista marxista. Ele é professor de Sociologia, Ciência Política e Estudos Feministas na Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara. Ele foi professor de Sociologia na Universidade do Norte de Illinois, DeKalb e professor de Ciência Política, Sociologia e Estudos da Mulher na Universidade de Purdue. (Nota da IHU On-Line)

[25] São Paulo: Boitempo, 2018. (Nota da IHU On-Line)

[26] Antonio Gramsci (1891-1937): foi um filósofo marxista, jornalista, crítico literário e político italiano. Escreveu sobre teoria política, sociologia, antropologia e linguística. Com Togliatti, criou o jornal L’Ordine Nuovo, em 1919. Secretário do Partido Comunista Italiano (1924), foi preso em 1926 e só foi libertado em 1937, dias antes de falecer. Nos seus Cadernos do cárcere, substituiu o conceito da ditadura do proletariado pela “hegemonia” do proletariado, dando ênfase à direção intelectual e moral em detrimento do domínio do Estado. Sobre esse pensador, confira a edição 231 da IHU On-Line, de 13-8-2007, intitulada Gramsci, 70 anos depois. (Nota da IHU On-Line)

[27] José Carlos Mariategui La Chira (1894-1930): jornalista, literato, político, pensador e ensaísta peruano. É considerado um dos grandes teóricos do marxismo na América Latina. Sua obra mais conhecida é Sete ensaios de interpretação da realidade peruana. São Paulo: Alfa-Omega, 1975, convertida em consulta obrigatória para os socialistas latino-americanos. (Nota da IHU On-Line)

[28] György Lukács ou Georg Lukács (1885-1971) foi um filósofo húngaro de grande importância no cenário intelectual do século XX. Segundo Lucien Goldmann, Lukács refez, em sua acidentada trajetória, o percurso da filosofia clássica alemã: inicialmente um crítico influenciado por Immanuel Kant, depois o encontro com Friedrich Engels e finalmente, a adesão ao marxismo. Seu nome completo era Georg Bernhard Lukács von Szegedin em alemão ou Szegedi Lukács György Bernát em húngaro. (Nota da IHU On-Line)

Edição: João Vitor Santos.

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