À beira do abismo

“A confusão sistemática da popularidade do ex-presidente Lula entre os segmentos de baixa renda, maciçamente conservadores, com a ideia de um avanço das pautas de esquerda é o que está na origem da estratégia suicida do PT.”

Por Marcos Barreira, no blog da Boitempo

“Dixi et salvavi animam meam”
(Marx, sobre a crítica do programa do partido operário alemão1)

Crise econômica e falência do sistema político

Ao contrário do que a maior parte dos analistas previa, a eleição presidencial deste ano não se deu em um quadro de fragmentação das alternativas. A fragmentação existente é um fenômeno menor. Tal como nas duas eleições anteriores, o cerne da disputa é a polarização entre a candidatura do PT e o “antipetismo”. Mas há uma novidade: a oposição ao PT já não se expressa numa candidatura formada no interior do sistema político tradicional. Ela se tornou uma forma regressiva de “antipolítica”.

As tendências de mudança no cenário eleitoral nacional começaram a se manifestar claramente em 2014, com a onda aecista e, em menor medida, com a candidatura de Marina Silva. Na ausência de um cenário de crise econômica aberta, o governo Dilma e o PT conseguiram conter o crescimento da oposição, mas só até o agravamento da crise, em 2015, que fez romper o “pacto social” da Era Lula. Em 2016, nas eleições municipais, o PT foi quase completamente varrido do mapa. O processo de impeachment, no entanto, complicou o quadro político e deu sobrevida a Lula e ao PT. Já não cabia ao partido o ônus exclusivo da administração da crise. A agenda de precarização do trabalho e o ataque às aposentadorias, aliados às denúncias de corrupção envolvendo toda a cúpula do novo governo, fizeram com que o PT conseguisse manter uma parte expressiva do eleitorado. Lula chegou a recuperar parte da popularidade perdida durante a crise política e se colocou novamente como um candidato forte, que, não fosse a partidarização do judiciário, teria assegurado facilmente um lugar no segundo turno nas eleições deste ano.

A manutenção da popularidade de Lula, especialmente junto às massas populares das periferias e das regiões mais pobres, não pode servir para que se subestime o enorme potencial da ideia difusa de “mudança” que começou a se alastrar pelo país em 2013, quando a imagem de um torneio mundial caro demais contrastava com o colapso dos serviços públicos básicos. A maior parte das pesquisas indica que, mesmo mantendo parte do seu eleitorado, Lula retornou a patamares de popularidade e de intenções de voto similares aos que possuía na década de 1990, patamares significativos, mas insuficientes. Para uma parte cada vez maior da população, a imagem do PT e de Lula está definitivamente colada à do sistema político em estado falimentar e à corrupção nas estatais – onde o partido é visto como “centro organizador”. Tudo isso abriu um espaço real para a renovação, que, a julgar pelas eleições anteriores, tendia a ser ocupada tanto (e preferencialmente) pela antiga oposição ao lulismo (PSDB), quanto por alternativas mais comprometidas com mudanças no sistema partidário.

O fenômeno Bolsonaro

Não são poucas e nem simples as causas do “fenômeno Bolsonaro”. Sem dúvida, as tendências “neofascistas” e militaristas hão de ter uma íntima relação com processos de crise abrangentes como o estado de superacumulação permanente da economia mundial. É por isso que elas ocorrem mundo afora de modo mais ou menos simultâneo e não coordenado. O mesmo vale para o recrudescimento da violência contra estrangeiros, contra mulheres e contra a massa cada vez maior da população sem trabalho. Tudo isso forma o pano de fundo ideal para a brutalização da política, mas a simples referência a um processo histórico-mundial de tal envergadura não ajuda muito a entender como e sob quais formas se manifestam localmente essas tendências regressivas da economia mundial. Por isso, evito decididamente a fórmula fácil que consiste em interpretar a atual ascensão eleitoral da candidatura Bolsonaro, sem mediações, como mera expressão direta da crise econômica mundial.2 O que cabe, ao contrário, é explicar concretamente o porquê de a candidatura Bolsonaro ter assumido o papel de portadora da esperança da negação conservadora da política, tendo em vista que ele não é o único e nem é necessariamente o representante mais funcional das formas de violência e de segregação que proliferam na crise.

A primeira explicação para a popularidade de Jair Bolsonaro precisa ser buscada na psicologia social do eleitor, mais do que nas fórmulas políticas abstratas da “classe média” antipetista ou no interesse econômico imediato, como é o caso de grande parte do eleitorado lulista. Ainda que os apoiadores mais diretos de Bolsonaro banquem uma campanha permanente nas redes sociais contra o que eles entendem ser “a esquerda” (uma compreensão tão confusa que vai do “gayzismo” ao nazismo), a adesão em massa à sua candidatura, para além dos círculos da extrema-direita em ascensão, tem menos a ver com critérios ideológicos convencionais do que com as respostas fáceis que ele oferece às camadas de baixa renda para o sentimento generalizado de insegurança, além da identificação com as pessoas que o veem como um tipo comum, aquele que diz as coisas sem rodeios, isto é, sem ser um “político” etc. Tudo isso é bem conhecido. Bolsonaro é um fenômeno cultivado há anos pela mídia popular, identificado como alguém que, a despeito de uma longa trajetória na política, está aí para “desafiar o sistema”. O fato de a grande mídia tê-lo ignorado durante tantos anos ajudou a alimentar a ideia do “outsider”.

Ainda assim, sua candidatura teria poucas chances sem outra combinação de fatores que acabou o levando para além desse universo periférico. Primeiro, a ofensiva da Lava Jato sobre o sistema político-partidário, tendo como alvo principal os antigos sócios do PT, agora no governo, e alguns nomes da antiga oposição, como Aécio Neves e outros ex-governadores do PSDB. Se, por um lado, essa campanha policial-midiática permanente orientada contra os três maiores partidos da República retiram das costas do PT um pouco do peso exclusivo da corrupção, elas desmoralizam o conjunto do sistema, incluindo as principais alternativas ao lulismo. O PSDB, por sua vez – e esse é o segundo fator – ao invés de iniciar um processo de renovação da sua imagem, foi empurrado pela Lava Jato para um acordo de salvação com o governo. Em função de disputas internas e do pacto com o governo, o PSDB adiou até o limite a entrada na campanha eleitoral e, quando o fez, foi em completa falta de sintonia com a tendência de polarização já desenhada. Sem uma clara associação com o “novo”, afundou-se junto com o velho. Desse modo, ele perdeu rapidamente o protagonismo da “mudança”, enquanto apareciam à luz do dia as contradições de base do movimento pró-impeachment: as tendências do antipetismo e da “nova direita” que saíram às ruas em 2015 começaram a se concentrar na candidatura abertamente extremista de Bolsonaro e até mesmo na candidatura do “Partido Novo”, que alcançou resultados significativos mesmo sem estrutura partidária. Finalmente, o ataque sofrido por Bolsonaro num momento crucial da campanha, quando os demais candidatos esboçavam alguma reação, alimentou a radicalização da disputa e deu mais fôlego para o líder nas pesquisas, definindo o quadro de polarização.3

O PSDB esperava entrar na corrida eleitoral com uma combinação imbatível: além do apoio das elites econômicas e da grande mídia, possuía uma base eleitoral aparentemente sólida, formada pelas camadas médias do Centro-Sul e uma forte estrutura partidária – sem falar das alianças. Isso explica a demora em entrar de fato na campanha e a recusa do radicalismo verbal. Tratava-se, antes, de se apresentar como a alternativa “respeitável”, contra a polarização “direita-esquerda”. Da maneira improvável, no entanto, procuradores da Lava Jato e grande mídia intensificaram a cruzada contra as grandes máquinas partidárias durante a campanha. O fator decisivo até então, a disputa dos dois projetos nacionais de poder (PT e PSDB) pela base política no Congresso, deu lugar à ofensiva militante do “estamento” tecnoburocrático formado por procuradores, juízes e delegados da PF, contra a política. Tudo isso alimentou – de modo articulado ou não – a campanha de Bolsonaro. O golpe final na candidatura tucana ocorreu quando setores do empresariado e dos mercados financeiros passaram a aceitar o candidato do nanico PSL como uma alternativa viável ao PT.

A esquerda na beira do abismo

É cada vez mais evidente que a “classe média” que saiu às ruas nas grandes manifestações de 2015, formando a base de massa passiva do antipetismo, não tinha qualquer vinculação com partidos ou projetos políticos; ela estava apenas à espera de um líder que verbalizasse o ódio contra o “pacto social”. Influenciados pela grande imprensa (que eles mesmos recusam como “esquerdista”) passaram a identificar o sistema político corrupto com “os governos do PT”, o que impede a compreensão da natureza negociada e conciliatória do lulismo. Mas aqui não se trata de compreender e sim de negar, e da maneira mais radical, qualquer ideia de negociação ou conciliação, sempre com o pretexto de que se está a negar o radicalismo. Por isso, o crescimento recente do candidato petista junto ao eleitorado de Lula reforçou ainda mais a posição de Bolsonaro junto à “classe média”.

Os “governos do PT” formavam uma ampla coalizão na qual o PT, de fato, era apenas a ala esquerda minoritária, impotente diante da estrutura política dominante. O lulismo foi, em grande parte, uma adequação pragmática do governo ao sistema político promovida pelo núcleo petista diretamente ligado a Lula. Na prática, ele anulou o petismo, pelo menos na política econômica e outras áreas sensíveis, enquanto a militância do PT se orientava numa direção culturalista. Daí a natureza conservadora desses governos. Foi somente assim que, após três derrotas, Lula finalmente viabilizou em 2002 a sua candidatura. O “pacto social” é, por definição, uma estratégia de administração da crise social sem a mudança do modelo econômico e do sistema político. Essa natureza conservadora não é apenas o fruto da “conciliação” com as elites e setores parlamentares; ela foi também a forma de o governo incluir no seu programa a base da pirâmide social. Por meio de políticas sociais de mercado (Bolsa Família) e da inclusão pelo consumo (“nova classe média”), foi estabelecido um vínculo econômico com esse segmento da população, sem qualquer processo de mobilização ou de ampliação dos horizontes de consciência, o que significa – independentemente dos êxitos econômicos alcançados –, a manutenção de uma mentalidade conservadora. Por isso, argumentei em outro artigo aqui no Blog da Boitempo que era um equívoco interpretar a crise política iniciada em 2015 como uma “onda conservadora”. Tratava-se, na realidade, da “descoberta” que setores progressistas dos grandes centros faziam de um conservadorismo estrutural disseminado pelo “Brasil profundo” e que reagia nas novas mídias e redes sociais ao agravamento da insegurança econômica e social.

Essa base da pirâmide social sempre foi essencialmente conservadora no plano dos valores e, ao mesmo tempo, eleitoralmente pragmática. Em 1989, ela elegeu Collor, que mobilizou um discurso “em defesa da família e da propriedade”; em 1995, votou pragmaticamente em FHC e no Plano Real. Em 2002, Lula conseguiu pela primeira vez entrar com mais força nesse eleitorado, com a promessa de inclusão social e, a partir de 2006, enquanto perdia os votos das camadas médias, ele viu consolidada sua posição nos setores mais pobres, sempre por motivos pragmáticos. Com essa mudança no voto dos de baixo, muitos petistas pensaram estar diante de uma “Era de reformas” na sociedade e de mudança nas mentalidades, mas eram apenas melhorias econômicas conjunturais que estimulavam sonhos de empreendedorismo popular e de ascensão social. É provável que mesmo a identificação dos mais pobres com Lula seja mais facilmente explicada em termos de ascensão individual (o “trabalhador” que chegou ao poder) do que de solidariedade coletiva.

Com as camadas médias definitivamente perdidas para o antipetismo radical, o dilema do PT agora é como ir além desse voto pragmático no lulismo e conquistar o que resta do eleitorado conservador fortemente ligado ao meio evangélico e sensível ao imaginário punitivista – a chamada “nova classe média” – com uma pauta “progressista” das minorias organizadas. É evidente – ou deveria ser – que se trata da quadratura do círculo. Mas a campanha de Haddad aposta precisamente nisso. Cada ponto que o candidato do PT sobe nas pesquisas, com o pouco que ainda resta da transferência dos votos lulistas, ganha 3 pontos em rejeição do eleitorado que ainda não o conhecia, mas que rejeita de antemão o programa da esquerda culturalista. Um exemplo claro dessa tendência foi o #EleNão, que conseguiu mobilizar minorias organizadas e promover atos relevantes em diversas cidades, mas apenas para que, em seguida, o voto feminino em Bolsonaro crescesse seis pontos nas pesquisas.

É um fato que as maiorias já se decidiram contra o programa culturalista e em defesa do que consideram ser o modelo de família tradicional. Isso não é uma questão puramente ideológica. Em tempos de crise, as pessoas se voltam para aquilo que lhes dá mais segurança. Entre os mais pobres, para quem a precariedade é a regra no emprego e na relação com o Estado, a família e a irmandade religiosa são a garantia da pouca estabilidade que ainda podem ter. A ideia de uma segurança básica – em termos de trabalho e na vida familiar – está igualmente presente na Era Lula, que surgiu como a alternativa de emergência para a qual o sistema político convergiu em meio à crise social no início dos anos 2000. A essência do lulismo é a segurança elementar dos mais pobres e não um “novo modelo de desenvolvimento” ou um conjunto de ideologias alternativas. Ele foi o último baluarte de um sistema decadente e que agora parece recuar e deixar o espaço para uma administração da crise baseada, sempre em nome da “segurança”, em mecanismos muito mais violentos e excludentes.

A confusão sistemática da popularidade do ex-presidente Lula entre os segmentos de baixa renda, maciçamente conservadores, com a ideia de um avanço das pautas de esquerda é o que está na origem da estratégia suicida do PT. Isso levou o partido a exercer uma forma contraproducente de hegemonia, não mais voltada para as massas populares, mas para dentro da esquerda militante. Se há muito a impugnação da candidatura de Lula era um fato consumado, ela, por outro lado, serviu para que ele se tornasse uma espécie de “presidente da esquerda”. Nos governos Lula e Dilma, a “hegemonia” era das elites econômicas e dos partidos tradicionais, mas no interior da esquerda ainda se pretende impor um domínio inquestionável do PT. Engana-se quem pensa que isso colocaria finalmente no primeiro plano o programa de governo da esquerda. Pelo contrário, a manobra puramente eleitoral deve conduzir a um amplo arco de alianças com os restos dos partidos fisiológicos que vai, novamente, imobilizar a esquerda, tal como em 2002. A coisa toda faz ainda menos sentido pelo fato de a candidatura Haddad ter abandonado precisamente o pragmatismo eleitoral que deu sucessivas vitórias a Lula e Dilma, reforçando o caráter “petista” da campanha e com ele a imagem falsa de radicalização construída pelos adversários. Em seu momento de maior fragilidade e na iminência de uma vitória da extrema-direita, o PT parte para um embate muito mais retórico do que real, que ele não foi capaz de sustentar nem mesmo no auge da popularidade do governo Lula.

Se a esquerda tradicional já não consegue ser “pragmática”, o que dizer da esquerda ideológica residual? O Psol e a campanha de Guilherme Boulos se perdem na mesma confusão sistemática entre lulismo e petismo (não são poucas as análises de intelectuais ligados ao Psol que até pouco tempo ainda apontavam os limites e contradições do “lulopetismo” etc.). Só isso explica a tentativa de superar a barreira realmente existente entre um partido de esquerda formado nos estratos médios, no funcionalismo público e no meio universitário e as massas populares indiferentes à pregação socialista, “importando” uma liderança do movimento popular que fala precisamente para os setores progressistas da “classe média” e do meio universitário (!). A tentativa de se aproximar do eleitorado lulista com o discurso da esquerda tradicional permanece, para dizer o mínimo, inconsistente, quando não estão à disposição os instrumentos que o lulismo possuía para desenvolver as políticas sociais de mercado. O meio pelo qual o governo Lula chegou até as massas populares não tinha a ver com uma política de movimento, mas com políticas de governo de caráter desmobilizador e de reforço da unidade familiar. Desse modo, também aqui a forma de atuação e o conteúdo do discurso seguem dissociados da base da pirâmide social. Mas assim, o Psol, que não consegue seu intento, perde a oportunidade de se reafirmar no seu “meio natural”, junto à juventude radicalizada dos estratos sociais médios. Também aqui é apenas a extrema-direita que se beneficia da radicalização contra o sistema político.

Ainda não é o fundo do poço

Os dois cenários que se desenham a poucos dias do primeiro turno das eleições são desoladores. No caso de uma cada vez mais improvável vitória do PT, o novo presidente assumiria em condições ainda mais difíceis do que as de 2015, tanto do ponto de vista político quanto econômico. Se nas manifestações de 2015 os grupos abertamente intervencionistas eram minoritários e ainda podiam ser escondidos pela mídia oficial, agora eles se tornaram a ampla maioria e já são considerados parcialmente democráticos.4 O mesmo aconteceu na “greve dos caminhoneiros”, que mostrou a capacidade real de parar o país. Não é segredo que grupos “bolsonaristas” e “intervencionistas” estavam entre os principais animadores daquele movimento. A tese da “venezuelização” propagada abertamente na mídia oficial é a senha para um movimento militar. No segundo cenário, Bolsonaro, supostamente o nome sob medida para essa era de crise e declínio social, já na própria campanha não demonstra ter qualquer capacidade de organização do seu campo político. Evidentemente, nem o militarismo da velha direita, nem a nova convergência entre refundadores messiânicos da República e a pregação “thatcherista” do MBL são modelos práticos de administração da crise. Tal como a intervenção militarizada no Estado do Rio de Janeiro, essa alternativa pode apenas oferecer respostas desastradas e cada vez mais selvagens. Em qualquer um dos cenários, o “fenômeno Bolsonaro” é apenas o prenúncio de dias muito piores.

Notas

1 Referência a sentença bíblica, segundo a Vulgata. A passagem diz: “Quando eu disser ao ímpio: ‘Tu tens de morrer!’, e tu não o advertires […] para salvar sua vida, então o ímpio morrerá por sua iniquidade, mas requererei seu sangue de tua mão. Mas se advertires o ímpio e ele não se converter de sua impiedade e de seu mau caminho, ele morrerá por sua iniquidade, mas tu salvaste tua alma” (Bíblia Sagrada, Ezequiel 3, 18-9). (N. E. A.). Karl Marx, Crítica do programa de Gotha (São Paulo, Boitempo, 2012) p. 48.
2 Essa personalização exagerada de tendências gerais funciona, além do mais, como um álibi ideal para todo o restante do sistema político, como se formas repressivas e militarizadas que se agravam junto com a crise mundial só pudessem ser implementadas por um tipo como Bolsonaro, que passa assim a figurar como o ”outro” radical puramente imaginário da política democrática e não como uma parte real desse mesmo sistema.
3 Aqui restava ainda saber quem ocuparia o outro polo, Ciro Gomes ou Haddad, uma vez que a transferência dos votos em Lula estava apenas no início.
4 O jornalista Reinaldo Azevedo, para ficarmos apenas com um exemplo, passou doze anos perseguindo o PT, partido totalmente integrado ao sistema político que o próprio “crítico” defende e cuja cúpula dirigente foi atacada incessantemente pelo judiciário, como se fosse uma organização totalitária que apenas acumulava forças para implantar a “ditadura bolivariana”. Agora Reinaldo convida o candidato da extrema-direita, que é abertamente favorável à ditadura militar, com tortura, censura e tudo mais, a adotar um posicionamento claro contra a violência, dentro do espírito do debate democrático.

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Marcos Barreira é Professor de geografia e Doutor em Psicologia Social pela UERJ. É pesquisador e membro do conselho diretor da Agência de Notícias das Favelas (ANF). Pela Boitempo, colaborou no livro Até o último homem: visões cariocas da administração armada da vida social, organizado por Pedro Rocha de Oliveira e Felipe Brito (Boitempo, 2013). Colabora com o Blog da Boitempo esporadicamente.

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