Entidade retira prêmio de direitos humanos de Angela Davis por seu apoio à causa Palestina

Entre as duras críticas ao regime israelense, Davis costuma compará-lo ao apartheid imposto aos negros na África do Sul

Por Victor Farinelli, na Carta Maior

Uma grande polêmica abalou os Estados Unidos esta semana, depois que o Instituto de Direitos Civis de Birmingham (BCRI, por sua sigla em inglês), com sede em Alabama, recuou em sua decisão de entregar à famosa ativista Angela Davis o Prêmio Fred L. Shuttlesworth, inicialmente sem dar uma explicação mais específica a respeito.

O comunicado que anunciou a retificação do BCRI com relação à condecoração para Davis explicou que “pessoas e organizações interessadas, tanto dentro como fora da comunidade local de Alabama, solicitaram uma reavaliação” sobre a premiação. “Após uma análise mais profunda sobre as declarações de Davis e seu registro público, chegamos à conclusão de que, lamentavelmente, ela não cumpre com todos os critérios nos quais o prêmio se baseia”, afirma o texto.

Ativista, ex-membro do Partido Pantera Negra, do Comitê Coordenador de Estudantes Não Violentos e do Partido Comunista dos Estados Unidos, Angela Davis é conhecida por defender a reforma penitenciária e por suas críticas a Israel, em favor da comunidade palestina, o que teria sido a verdadeira razão pela qual foi retirado dela o reconhecimento do BCRI.

Segundo o prefeito da cidade de Birmingham, Randall Woodfin, a mudança de postura do instituto se produziu após “intensos protestos da comunidade sionista local e a nível nacional, e também dos seus aliados”, especialmente devido ao reiterado apoio de Davis à causa palestina, e particularmente a sua ligação com o Movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS, em sua sigla em inglês), uma campanha global de pressão política e econômica sobre Israel, devido às suas violações aos direitos humanos na Palestina, e que tem em Davis e no músico britânico Roger Waters seus dois expoentes mais conhecidos mundialmente.

Entre as duas críticas ao regime israelense, Davis costuma compará-lo ao apartheid imposto aos negros na África do Sul, que vigorou entre os anos de 1948 e 1994, desta vez contra a população palestina na Cisjordânia e especialmente na Faixa de Gaza.

Para Woodfin (um jovem político negro, ligado ao setor mais progressista do Partido Democrata e ao movimento Our Revolution, lançado e liderado pelo senador Bernie Sanders), o prêmio tinha um valor simbólico, já que Angela Davis é nascida na cidade, e que a entidade lá sediada entregasse a ela sua máxima honraria – a que é “dedicada aos campeões dos direitos humanos mais reconhecidos a nível mundial, às pessoas ou coletivos dedicados a dar voz àqueles que não têm a capacidade de se fazer escutar”, segundo a diretora-executiva do BCRI, Andrea Taylor – seria especialmente importante, pois coroaria sua figura de filha ilustre da cidade.

Vale lembrar também que a premiação carrega o nome de Frederick Lee Shuttlesworth, que também foi um ativista dos direitos civis e líder da luta contra a segregação e outras formas de racismo em Birmingham, causa que o fez conhecer e ser amigo de sua conterrânea Angela Davis.

*Com informações do El Desconcierto

Foto: Revista Fórum

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