Em contradição aos dados, Mourão declara que “a floresta não está queimando”

Por: Duda Menegassi, em O Eco

A apresentação feita nesta quarta (19) pelo vice-presidente General Mourão no Fórum Amazônia +21 reforçou mais uma vez o discurso adotado pelo governo que tenta minimizar os dados que comprovam a acelerada destruição da floresta. Mourão alegou que o desmatamento está todo concentrado nas áreas antropizadas da Amazônia, e o que normalmente se chama de Arco do Desmatamento, ele apelidou de “Arco de Humanização”. Não bastasse, reforçou que “a floresta não está queimando”, pois as queimadas só ocorrem nessas áreas “humanizadas”. Além disso, minimizou a exportação de gado oriundo de áreas desmatadas ilegalmente, louvou os esforços feitos na ditadura militar para “desenvolvimento” da região amazônica, e ainda alfinetou o ator Leonardo DiCaprio, com um convite para marchar com ele por 8 horas na selva e entender “como funcionam as coisas nessa imensa região”.

Durante sua apresentação, Mourão usou um mapa para apontar o que ele chamou de “Arco da Humanização”, que corresponderia aos 16% da floresta já desmatada. “Onde ocorre queimada na Amazônia é naquela área humanizada. A floresta não está queimando. E no entanto, a imagem que é passada para o resto do Brasil e da comunidade internacional é de que tem fogo na floresta, e não adianta você mostrar o mapa da NASA, o mapa do INPE que a turma não aceita o dado”, declarou durante sua fala no Fórum (assista na íntegra aqui).

“Nós não somos os vilões da sustentabilidade, muito pelo contrário (…) temos mais de 60% do nosso território com a cobertura vegetal original e dentro da Amazônia, 84% da floresta está em pé, preservada”, argumentou o vice-presidente.

Em seu discurso, ele também diminuiu o avanço ilegal das atividades agropecuárias para cima da floresta e desmentiu que o país estivesse exportando essas commodities oriundas de áreas desmatadas. “Não existe essa situação de que o Brasil está exportando para o resto do mundo, produtos que saem ilegalmente da floresta. Se isso ocorre é numa percentagem ínfima”.

Na apresentação, o vice e também chefe do Conselho da Amazônia defendeu a aprovação do Projeto de Lei 2.633/2020 – a nova carapuça da MP da Grilagem – e listou, como é costumeiro a esse governo quando o assunto é proteção ambiental, uma série de metas vagas e sem nenhuma grande explicação sobre como o governo irá alcançá-las.

Durante o discurso de Mourão sobrou até para o ator americano e ativista ambiental, Leonardo DiCaprio. “Eu gostaria de convidar o nosso mais recente crítico, o ator Leonardo DiCaprio, para ir comigo até São Gabriel da Cachoeira. Nós fazemos uma marcha de 8 horas pela selva entre o aeroporto de São Gabriel e a estrada de Cucuí e ele vai aprender em cada socavão que ele tiver que passar que a Amazônia não é uma planície. E aí entenderá melhor como funcionam as coisas nessa imensa região”, ironizou o vice. Em que momento DiCaprio chamou a Amazônia de planície ou o que isso tem a ver com a defesa da Amazônia, nós também não sabemos, mas não é a primeira vez que o governo ataca o ator de Hollywood. Em 2019, o próprio Bolsonaro já havia acusado DiCaprio de financiar as ONGs que “tacavam fogo na Amazônia”.

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