Região é a mesma em que dois indígenas morreram e cinco ficaram feridos em um conflito armado em abril. Vítima tinha 21 anos e morreu na madrugada deste sábado (17) na região do Xitei, onde há intensa presença de garimpeiros ilegais. Informação foi divulgada pela Urihi Associação Yanomami.
Por g1 RR — Boa Vista
Um jovem indígena, de 21 anos, morreu após um ataque a tiros de garimpeiros na região do Xitei, na Terra Indígena Yanomami. A informação foi divulgada na tarde deste sábado (17) pela Urihi Associação Yanomami, que tem como presidente Júnior Hekurari — chefe do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana (Condisi-YY).
O ataque, segundo Hekurari, aconteceu na madrugada deste sábado na comunidade do Tirei, no município de Alto Alegre, onde há forte presença de garimpo ilegal. O jovem é filho do líder da comunidade, Katariya Yanomami.
De acordo com a associação, a vítima estava na “pista do Leite”, uma das pistas de pouso clandestinas usadas por garimpeiros. As circunstâncias de como o crime aconteceu ainda não foram divulgadas.
“Indígenas da comunidade ligaram me informando que [isso] tinha acontecido na madrugada. Um jovem Yanomami foi baleado e morreu nessa comunidade”, disse Yanomami.
A região é a mesma onde ao menos dois indígenas morreram e cinco ficaram feridos em um conflito armado com garimpeiros em abril deste ano. Além, é na comunidade Tirei que jovens indígenas são recrutados pelos garimpeiros para trabalhar como seguranças em troca de cachaça e armas de fogo.
A associação foi informada do novo conflito por volta das 15h desde sábado, após contato via radiofonia. O jovem assassinado pertencia à comunidade do Haxiú, mas estava vivendo na região do Xitei, conforme Hekurari.
Neste sábado, Hekurari recebeu dos indígenas a informação de que o clima é tenso na região. Segundo ele, há cerca de 80 indígenas preparados para atacar os garimpeiros. O invasores estão armados e usam helicópteros para chegar até a pista do leite.
Na segunda-feira (19), a Urihi deve enviar um ofício sobre o caso para o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF).
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Cratera aberta pelo garimpo na região do Uraricoera, Terra Indígena Yanomami. Foto: Bruno Kelly /HAY