Governo Bolsonaro comprou 19 toneladas de bisteca para indígenas que nunca foram entregues

ClimaInfo

A notícia é absurda até para os padrões da insanidade absurda que marcou a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas é uma verdade triste e revoltante. O Estadão revelou que o antigo governo chegou a comprar 19 toneladas de bisteca para compor cestas básicas que seriam destinadas às comunidades indígenas do Vale do Javari, mas nem um grama sequer de carne chegou a elas.

Os contratos foram assinados pela FUNAI entre os anos de 2020 e 2022, durante a pandemia, sob o valor total de R$ 568,5 mil. A reportagem identificou 5,5 mil compras de alimentos para indígenas pelo governo federal no período, sendo que a metade foi feita sem licitação. Entre as contratadas, estão firmas totalmente fora do ramo alimentício, como empresas de venda de roupas, além de empresas recém-criadas.

Mas os absurdos não param por aí. O Estadão também informou que a FUNAI, à época administrada pelo delegado da Polícia Federal Marcelo Xavier, pagou R$ 4,4 milhões na compra de sardinha enlatada e linguiça calabresa para aldeias da Terra Yanomami, em Roraima. Como se não bastasse o fato de que esses itens não fazem parte da dieta tradicional dos indígenas, eles também não foram entregues integralmente. A principal contratada foi outra empresa novata, criada por um empresário que chegou a receber auxílio emergencial indevidamente durante a pandemia.

A compra ganha tons ainda mais surreais se considerarmos que, a despeito dos gastos excessivos e completamente fora de sentido prático do antigo governo, sob a justificativa de alimentar as comunidades indígenas, a Terra Yanomami acabou experimentando uma grave crise humanitária causada justamente pela insegurança alimentar, além da violência do garimpo e da disseminação de doenças.

Parte dos contratos fraudulentos assinados na gestão Bolsonaro ainda está vigente, a despeito da troca de governo. Questionada, a FUNAI afirmou que vai apurar as possíveis irregularidades. “Eu vou apurar as informações, pois se tratam de atos da gestão anterior e para tanto preciso que se apure junto aos departamentos competentes internos na FUNAI”, disse a presidente do órgão, Joenia Wapichana.

CartaCapitalCorreio Braziliense e Poder360 também repercutiram essas informações.

Em tempo: O líder indígena Lúcio Tembé foi alvo de um atentado na madrugada do último domingo (14/5) no Pará. Ele retornava à aldeia Turé-Mariquita com um familiar quando o veículo atolou na estrada. Tembé desceu e acabou sendo surpreendido por dois pistoleiros em uma moto, que dispararam contra ele. De acordo com o Metrópoles, Lúcio foi alvejado na lateral do rosto e se encontra na UTI em um hospital de Belém.

foto: J. Rosha/Cimi

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.

2 × um =