DOF atua como segurança privada em terra indígena, diz deputado Paulo Pimenta

Por Izabela Sanchez, em Top Midia News

Em visita a terras indígenas nas regiões de Juti e Caarapó, interior do estado, o deputado federal e presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara de Deputados (CDHM), Paulo Pimenta (PT), afirmou que a DOF (Departamento de Operações de Fronteira), polícia estadual, “atua como segurança privada de maneira ostensiva, pra intimidar lideranças com fazendeiros”.

Paulo Pimenta esteve pela manhã no tekoha, lugar onde se é, Taquara, na região de Juti, onde a comunidade denuncia diariamente ataques de pistoleiros e ações da DOF. Essa semana, uma das lideranças, Valdelice Veron, afirmou que havia encaminhado denúncia à CDHM. A comissão já tinha realizado visita a comunidade no final de 2015.

“Tivemos uma reunião com as lideranças, com o Ministério Público Federal e com a Funai (Fundação nacional do índio). Em primeiro lugar, temos que deixar claro que todo esse processo é resultado da morosidade dos processos judiciais, uma área que vem enfrentando um processo demarcatório ao longo de muito tempo e é fundamental que haja uma priorização por parte da justiça. A área foi declarada e reconhecida”, afirmou o deputado. Segundo ele, novos laudos periciais antropológicos serão requeridos.

Paulo Pimenta explicou que a reunião será formalizada em um relatório oficial. “Nós vamos formalizar uma serie de documentos, todas as ações desses órgãos do Estado, em especial da DOF, e vamos encaminhar para o Ministério da Justiça, Funai e Poder Judiciário e é evidente que vamos acompanhar para que não haja violações e violências”, esclareceu, questionado sobre ações concretas em relação à casos de violência como estupros coletivos e ataques de pistoleiros.

O presidente também comentou a ausência de segurança no local, já que uma das reclamações dos Guaranis e Kaiowás é a falta de auxílio da polícia federal quando solicitada. “Isso tudo recebi denúncias e também vou dar ciência na justiça, também pela atuação da própria polícia federal”, afirmou.

“É muito importante estar in loco, conversar com lideranças, estar em território para fazer o relatório, para encontrar soluções, para que a demarcação ocorra de maneira ágil. Essa situação é ruim pra Mato Grosso do Sul, traz instabilidade e insegurança jurídica. Dificulta investimentos, porque vende-se soja, cana, de terras com conflitos. E estamos falando de uma coisa absolutamente possível de ser resolvida, são cerca 2% de área agricultável. Todo mundo deve ter interesse de falar sobre isso, de ter boa vontade, acho que não resolver isso é ruim para o país”, concluiu.

Paulo Pimenta segue durante a tarde para o tekoha Tey’i Jusu, na região de Caarapó, onde irá se reunir com lideranças Guaranis e Kaiowás e colher mais informações que farão parte do relatório oficial.

Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

Enviada para C0mbate Racismo Ambiental por Isabel Carmi Trajber.

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