A busca pelo ouro ilegal deixa rastro de violência entre meninos e meninas
Por Sarah Fernandes, de Santarém (PA), no Brasil de Fato
Já caia a noite quando Eduarda, de 9 anos, tomava banho em sua casa, em uma comunidade do rio Tapajós, no sudoeste paraense. Sua mãe havia esquecido a toalha e deixou a menina sozinha por alguns minutos no banheiro. De repente, um assobio forte e profundo cortou o som da brincadeira no chuveiro. Eduarda começou a chorar. A mãe saiu correndo. Era ele.
Alguns dias depois, não muito longe dali, Cristina, também de 9 anos, brincava próximo a sua casa quando ouviu um som estranho. Era alguém correndo na mata, mas de um jeito diferente. Foi até onde vinha o som, não encontrou ninguém, mas viu sua batida. Era ele.
Histórias como essa se espalham entre meninos e meninas de comunidades indígenas e ribeirinhas do rio Tapajós. Em um misto de mistério, curiosidade, folclore e imaginação, eles descrevem como crianças um dos problemas mais graves do país. “É um menino com cabelos de fogo e pés virados para trás. O Curupira. Ele protege a floresta e tem aparecido muito por aqui por causa do garimpo, que tem destruído nossas matas e os rios”, conta Pedro, de 13 anos.
Eduarda, Cristina e Pedro vivem na região brasileira que mais concentra garimpos: a Bacia do Tapajós. É lá que estão Itaituba (PA) e Jacareacanga (PA), os municípios campeões de garimpagem, segundo relatório do MapBiomas, lançado em setembro deste ano. Sozinho, o Pará concentra 57,91% das áreas de garimpo do país, muitas delas em terras indígenas e áreas de conservação, o que é proibido pela Constituição brasileira.
“Os garimpeiros ilegais trazem máquinas enormes para explorar o ouro que está na nossa reserva, a Tapajós Arapiuns. Eles abrem buracos muito grandes, derrubam a floresta e contaminam as águas dos rios com mercúrio”, resume certeiro Pedro, que mora em uma comunidade ribeirinha do Tapajós e apesar de ter apenas 13 anos sabe bem a gravidade do problema que o cerca. “Tem muitos relatos de pessoas que estão doentes por estarem contaminadas pelo mercúrio despejado nos rios. Ele contamina os peixes e as pessoas que comem peixe.”
O que ele não disse é que entre todos os expostos ao mercúrio, um grupo é especialmente vulnerável: as crianças, principalmente na primeira infância, dos zero aos 6 anos. É nelas que a substância, considerada super tóxica, pode causar danos irreversíveis no sistema nervoso central, que impactarão diretamente no desenvolvimento, capacidade de aprendizado e saúde geral.
“Nós estamos falando de uma geração inteira exposta ao mercúrio, que pode ter dificuldades de se desenvolver plenamente. É uma perda para o meio ambiente, a saúde pública, cadeias econômicas tradicionais, mas sobretudo para o futuro da região, porque uma geração inteira pode ser inviabilizada de ir para frente”, pontua o porta-voz do Greenpeace Amazônia, Danicley de Aguiar.
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Apesar disso, raramente as crianças recebem a atenção necessária quando o assunto é avaliar riscos de exposição ao mercúrio. Mesmo com os indícios preocupantes, não há na região programas de testagens massivas de crianças pelo Sistema Único de Saúde (SUS) – nem de adultos. Os poucos exames realizados nas populações ribeirinhas do Tapajós são feitos por universidade ou outras instituições de pesquisa, em amostras pequenas, quase exclusivamente entre adultos.
Um dos poucos levantamentos que lançou luz aos meninos e meninas da região foi feito pela Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) e pela organização não governamental WWF e apresentado em 2020. Foram testadas 200 pessoas, entre adultos e crianças, da Terra Indígena Sawré Muybu, no médio Tapajós, de ocupação tradicional do povo Munduruku.
Os resultados foram aterradores: todas as pessoas testadas possuíam mercúrio no organismo, em quantidades diferentes, chegando a quatro vezes mais que o indicado como seguro pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de 10μg/L. Entre as 57 crianças testadas, nove (15,8%) apresentaram problemas nos testes de neurodesenvolvimento, indicando possibilidade de exposição ao mercúrio.
“Os garimpeiros são ambiciosos por ouro. Eles derrubam muito barro dentro dos rios, as águas ficam poluídas e nem os animais conseguem mais beber a água porque ela ficou suja”, resume Cristina. “Nosso rio tinha a água bem clarinha e agora está barrenta”.
Contaminação crônica
A mudança na cor da água do rio também acendeu sinal um alerta para a indígena Mariane Sousa Chaves. Ela estava grávida de poucos meses quando testemunhou de sua casa uma notícia que correu o país: em janeiro deste ano, uma mancha de lama invadiu a vila Alter do Chão, em Santarém, um dos principais pontos turísticos da Amazônia. Pesquisas mostraram que parte dos sedimentos vieram de garimpos de ouro ilegais das áreas mais altas do leito do Tapajós. A comunidade onde ela mora também foi atingida.
“Eu e minha família ficamos muito preocupados, porque de sete dias da semana em seis nós comemos peixe. E se eu comesse peixes contaminados de mercúrio? O que poderia acontecer com minha filha?”, questionou. A saída, longe do ideal, foi mudar completamente seus hábitos alimentares. “Justo na gestação, que seria importante ter uma fonte de proteína, eu deixei de comer peixe. Foi algo totalmente fora da minha cultura. As outras opções de alimentos são muito caras, mas tinha medo de a bebê ter algum problema relacionado ao mercúrio.”
A preocupação de Mariane não era à toa. Quando o mercúrio cai na corrente sanguínea da mãe por meio do consumo de peixe, ele ultrapassa a barreira placentária e atinge o bebê. Estudos apontam que a concentração de mercúrio no cérebro de um feto chega a ser de cinco a sete vezes maior que em um adulto, o que faz com que os riscos para as crianças sejam ampliados. A exposição pode causar diversos problemas, dependendo da quantidade de mercúrio no organismo.
Antes de contaminar meninos e meninas, o metal pesado entra na cadeia alimentar da floresta: para cada quilo de ouro encontrado, garimpeiros usam entre dois e oito quilos de mercúrio para formar ligas metálicas. O excedente é despejado no leito do rio, atinge o fundo e sofre transformações químicas até virar metilmercúrio, uma substância que contamina os seres vivos.
Essa é apenas uma parte do problema: as enormes escavações dos garimpos fazem com que o mercúrio que já existe naturalmente no solo amazônico se desprenda do fundo do rio e também contamine algas e plantas. É assim que o mercúrio contamina todos os indivíduos que vivem do rio, das algas aos grandes peixes carnívoros, muito consumidos pelos ribeirinhos.
Quem nasce nas comunidades do Tapajós tem risco de má formação congênita, paralisia cerebral e deformidades devido à exposição à substância. Em casos ainda mais graves, mães não conseguem levar a gestão ao final ou têm bebês natimortos. As crianças expostas ao mercúrio também são mais vulneráveis às chamadas manifestações subclínicas, com atrasos de desenvolvimento, como demora para sustentar o pescoço, engatinhar, ficar de pé, dar os primeiros passos e falar as primeiras palavras. Mais tarde, podem ter dificuldades de aprendizado na escola.
“Esse problema vai se estender ao longo de toda vida: elas terão menos oportunidades de se desenvolver e de quebrarem um ciclo de pobreza quando forem adultas”, diz o médico da Fiocruz Paulo Basta, um dos principais especialistas em saúde indígena do país, que há anos acompanha a situação de comunidades expostas ao mercúrio.
“Essas crianças estão expostas desde sempre e para sempre, porque desde o momento que começaram a ser gestadas estão sendo exposta a doses de mercúrio. Quando nascem, podem ser contaminadas pelo leite materno e quando começam a comer, passam a consumir peixes contaminados.”
A filha da indígena Mariane, hoje com sete meses, nasceu sem condições clínicas graves. “Ela tem muitas alergias. A maioria das crianças daqui também têm e não sabemos por quê. Era algo que não víamos antigamente, mas que agora se tornou muito comum”, conta. “Os adultos também têm ficado mais com corpo fraco, com muitas dores de cabeça e tonturas. Não temos explicação para isso. Alguns vão ao médico, fazem exames e não aparece nada”.
Relatos assim se espalham entre comunidades ribeirinhas do Tapajós. São crianças e adultos que, apesar de não terem diagnóstico, apresentam sintomas clínicos de exposição, como visão turva, desmaios, tremores, dores de cabeça, perda de memória e redução da visão.
“Eu moro aqui há 48 anos e sempre fui pescador. De dois anos para cá começou: estou trabalhando no rio e do nada começo a sentir fraqueza e dor de cabeça muito fortes. Preciso até deitar na malhadeira para não cair na água. Eu parei de sair pro rio sozinho e minha esposa começou a vir comigo, para evitar que algo pior aconteça”, conta o pescador artesanal Odenis Rocha, que vive em uma comunidade ribeirinha no baixo Tapajós.
O filho do casal, de apenas 13 anos, também tem sintomas: ele sente constantes dores nas pernas e na cabeça e muita fraqueza, porém nunca foi testado. Na família, o principal alimento é peixe, todos os dias, em mais de uma refeição.
Em julho deste ano, Mariane, Odenis e outros moradores de comunidades do Tapajós foram testados para exposição ao mercúrio em um estudo da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA). Os resultados ainda não foram divulgados.
“Qualquer povo tradicional da Amazônia que tem hábito de consumir pescado regularmente está sujeito a essa exposição e a cada refeição vão reforçando seu nível de contaminação”, diz o médico Paulo Basta. “Cada vez que alguém ingere um peixe contaminado com mercúrio, a substância é absorvida, vai para a corrente sanguínea e é distribuída para todos os órgãos do corpo, em especial para o sistema nervoso central, podendo causar diferentes problemas de saúde”.
Crise generalizada
A maior parte dos garimpos da região se concentra no alto e no médio Tapajós, onde está localizado o município de Itaituba, um dos maiores produtores de ouro ilegal do país. O prefeito do município, o cearense Valmir Climaco de Aguiar (MDB), é velho conhecido da Justiça devido a uma série de crimes ambientais. Ele aproveitou brechas na legislação estadual para transformar Itaituba na “Capital da Pepita”, às custas da devastação do Tapajós.
Isso porque os efeitos do garimpo ilegal não se restringem apenas à região onde eles estão instalados. A substância tóxica pode correr quilômetros rio abaixo, exatamente como ocorre na região. “Por exemplo, não há garimpo no baixo Tapajós, porém a seção recebe toda a carga de sedimentos movimentadas no alto e no médio Tapajós”, pontua Danicley, do Greenpeace. Os efeitos já são sentidos pelas pessoas.
“Quando meu filho tinha dois anos, fui chamada na escola porque ele apresentava sinais que poderiam levantar suspeita de autismo. Ainda era muito cedo para fechar um diagnóstico, mas procurei uma equipe especializada e começamos a realizar uma série de exames”, conta professora universitária Luciana França, que mora em Alter do Chão.
O primeiro resultado que chamou a atenção foi o marcador de alergia, que era muito acima do normal. O segundo foi o de metais pesados: ele estava contaminado com mercúrio.
O exame feito a partir de fios de cabelo mostrou que o menino tinha um nível de mercúrio no organismo acima do limite tolerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Por dois anos e meio, ele realizou um processo médico chamado quelação, um protocolo bastante agressivo que tem o objetivo de retirar o mercúrio do organismo – além de outros tratamento de saúde.
“Hoje meu filho não tem nenhum sinal de autismo. Não posso afirmar que esse teria sido o diagnóstico dele, nem que o tratamento alterou sua condição, pois não é um consenso na medicina, mas como mãe vi grandes saltos de desenvolvimento nele”, conta Luciana. “É recorrente mães da região me procurarem para contar de seus filhos com sinais de autismo. Eu fico muito angustiada porque não sei se nosso caminho se repetirá com outras crianças e sei que a maioria das famílias daqui não tem recursos para fazer o que eu fiz.”
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Essa procura de mães e pais por Luciana pode ser traduzida em números: de 462 pessoas testadas para mercúrio em comunidades ribeirinhas do rio Tapajós, rio Amazonas e entre habitantes da área urbana de Santarém, 75,6% estavam com níveis de mercúrio acima do limite considerado seguro no momento da testagem. O levantamento foi feito pelo Laboratório de Epidemiologia Molecular (LEpiMol) da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), divulgado em março deste ano.
Crianças não foram testadas, mas os resultados entre adultos mostram que, do alto ao baixo Tapajós, entre populações ribeirinhas, indígenas e urbanas, a contaminação por mercúrio atinge patamares extremamente preocupantes.
“Para tomar banho, se não quiser pegar doença na pele, é preciso pegar uma canoa e ir para longe, porque o garimpo contaminou as águas. Eu acho que as grandes máquinas usadas pelos garimpeiros deveriam ser destruídas, para impedir que eles continuassem o trabalho”, sugere Gabriel, de 11 anos, que mora em uma comunidade ribeirinha do baixo Tapajós.
Para além do mercúrio
Quem acompanha o problema dos garimpos no Tapajós reforça: a situação piorou consideravelmente nos últimos anos, em especial no governo do presidente Jair Bolsonaro (PL). Só em 2021 a área garimpada em Terras Indígenas foi 625% maior que em comparação com 2010, segundo o Mapbiomas. Em unidades de conservação, a área garimpada aumentou 352% no mesmo período.
Antes mesmo de ser eleito, o presidente Jair Bolsonaro já deixava claro que iria enfraquecer os órgãos de fiscalização ambiental. E foi o que ele fez. Além disso, articulou explicitamente uma política pelo avanço do garimpo e assinou oito decretos que beneficiam pequenas e médias mineradoras e facilitam a atividade ilegal.
A cartada final foi enviar para o Congresso Nacional o Projeto de Lei 191 de 2020, que legaliza o garimpo em terras indígenas. A pauta segue em tramitação e acende sinal de alerta entre lideranças indígenas por legalizar uma atividade extremamente nociva às pessoas e ao meio ambiente.
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“O garimpo destruiu nosso rio e está destruindo nossa saúde porque não estamos tendo força para combater garimpeiros. Pedimos ajuda para o governo, mas ele não dá o apoio que a gente precisa. É um governo que defende madeireiros, grileiros e garimpeiros e que só prejudica a nós, indígenas”, disse a liderança Silvany Kumaruara.
Na Amazônia de hoje os garimpos ilegais são estruturas milionárias, com máquinas pesadas como dragas, retroescavadeiras, maracas, balsas e aviões, onde trabalham dezenas de pessoas. Como operam à revelia da lei, os controles das áreas são feitos pela força. Por isso, não surpreende que o garimpo ilegal tenha sido responsável por 90% das mortes por conflitos no campo em 2021, segundo o Relatório de Conflitos no Campo de 2021, publicado pela Comissão Pastoral da Terra.
“É um ambiente de tensão e uma relação desigual de poder. As comunidades vivem em um clima de constante conflito e sofrem com presença de armas, de drogas, com prostituição e de violência sexual contra mulheres e crianças das comunidades. Essa violência toda impacta na saúde, nas relações sociais e no desenvolvimento das crianças”, diz Paulo Basta, da Fiocruz.
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Os impactos já são sentidos na pele por quem cresce sabendo que parentes indígenas são ameaçados de morte, que o pai pode ser aliciado pelo garimpos ou que as meninas e mulheres correm risco de cair em uma cruel malha de exploração sexual de mulheres indígenas.
“Aí para cima, perto de Itaituba, teve um confronto de garimpeiros com indígenas. Morreram indígenas. Os garimpeiros andam armados e trazem grandes máquinas para cá”, relata Pedro, que apesar de ter apenas 13 anos conhece bem a violência provocada pelo garimpo.
Diversos ataques contra os indígenas foram registrados, em especial contra os Munduruku, tanto que, em abril deste ano, o Ministério Público Federal chegou a pedir intervenção federal para tentar conter a escalada de violência.
“Comecei a ouvir algo que não nunca tinha ouvido em 12 anos de trabalho na região: o termo ‘processo de paz para Amazônia’. A Amazônia não está em paz”, diz o especialista em conservação da ONG WWF-Brasil, Marcelo Oliveira. “O que estamos fazendo com as crianças da Amazônia, que historicamente têm menos oportunidades e que agora são também afetadas na sua alimentação e segurança?”, questiona.
Outros caminhos
Todos os estudos que serviram de fonte para essa reportagem concluem que é urgente suspender imediatamente a exposição das populações do Tapajós ao mercúrio. Porém, enfrentar o problema não é algo simples. Pelo contrário, exige compromisso firme das autoridades e ações orquestradas de diversos órgãos de governo, incluindo segurança pública, saúde, educação e geração de emprego e renda para a população mais vulnerável da região.
“Os garimpeiros – não os donos dos garimpos – muitas vezes são tão vítimas quanto as comunidades. Eles também estão contaminados, vivem endividados e em condições de trabalho muito precárias, sem qualquer segurança. Alguns ficam submersos, respirando por uma mangueira de ar, por seis horas. É um problema social e econômico”, pontua Oliveira.
Para garantir a saúde e a segurança das crianças do Tapajós é preciso, antes de tudo, rastrear e monitorar a cadeia de produção e comércio do ouro, considerado um dos ativos mais na economia.
Ele também é matéria-prima de joias e equipamentos médicos e eletrônicos. Uma investigação do portal Repórter Brasil revelou que celulares e computadores das marcas Apple e Microsoft e superservidores do Google e da Amazon, as quatro empresas mais valiosas do mundo, têm em sua composição filamentos de ouro em parte extraídos de garimpos ilegais na Amazônia.
“A gente defende que o Estado precisa assumir esse problema. O primeiro passo é fazer estudos amplos, concentrados em regiões, para termos um panorama de monitoramento ambiental e de saúde. Outra ação urgente é tratar as pessoas contaminadas”, diz Oliveira. “Tem solução? Com certeza tem, mas passa por vontade política, por erradicação da corrupção.”
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E é dessa vontade política que as crianças da Amazônia precisam. Ainda durante a campanha, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva disse em ato público que “não haverá espaço para o garimpo ilegal no país” e que a “a lei será dura”.
É o que esperam os meninos e meninas que crescem às margens do Tapajós.
“Se eu fosse o presidente do Brasil eu ia proteger a nossas árvores, os animais, as árvores e o nosso rio. Não ia deixar ninguém fazer mal para eles, porque nós precisamos da nossa floresta para viver”, conclui Pedro.
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*Os nomes das crianças foram alterados por questão de segurança, assim como os locais de moradia de crianças e adultos.
* Essa reportagem é resultado de uma bolsa do Early Childhood Reporting Fellowship, promovido pelo Dart Center da Universidade de Columbia.
Edição: Rodrigo Durão Coelho
Imagem: Os garimpeiros ilegais trazem máquinas enormes para explorar o ouro da nossa reserva. Eles derrubam a floresta e contaminam as águas – Fernando Bertolo/ BdF