Grave atentado ao escritório regional de Belém (PA) compõe quadro de aumento de ameaças a lideranças extrativistas e de intensificação do desmatamento na Amazônia.
O grave atentado sofrido pelo Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), em seu escritório regional em Belém (PA), na madrugada deste sábado (22), compõe um quadro alarmante de aumento de ameaças à lideranças de comunidades tradicionais extrativistas. Estas lideranças têm denunciado e buscado resistir à exploração dos seus territórios.
A invasão do escritório, a agressão a membros do CNS, o roubo de documentos e de computadores e, em especial, das antenas digitais do projeto “Conexão Povos da Floresta”, cujas instalações ocorreriam em territórios indígenas, extrativistas e quilombolas, revelam a tentativa de silenciar, fragilizar e paralisar o trabalho do Conselho. E mais grave ainda: os criminosos, de acordo com o CNS, ordenaram que o Conselho pare de denunciar a ação de grilagem sob ameaça de retornaram e executarem membros do CNS.
Este grave crime ocorre simultaneamente ao registro em março de aumento de 180% de desmatamento na Amazônia Legal em relação ao mês de fevereiro, segundo dados do Imazon. Sozinho março acumula 344 quilômetros quadrados de desmatamento. Ao considerar o primeiro trimestre de 2023 totaliza 867 km² (cerca de mil campos de futebol desmatados por dia). O dado é o segundo pior registrado desde 2008 e perde apenas para o registrado no primeiro trimestre de 2021.
Ainda que tenham sido retomadas as ações de governo para fiscalização do desmatamento na Amazônia e de anúncio de reativação do Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), em uma ação interministerial, é necessário que a proteção aos povos agroextrativistas e aos territórios – especialmente aos ameaçados – seja medida urgente e prioritária de todas as esferas de governo.
Também esperamos uma rápida apuração do grave atentado ao escritório regional do CNS, com a devida responsabilização dos envolvidos.
