Por CPT Juazeiro/BA
Na manhã de ontem (21), centenas de romeiros e romeiras de diversas comunidades de Campo Alegre de Lourdes (BA) e de outros municípios da região participaram da 11ª Romaria em Defesa da Vida. Debaixo do sol forte, a população saiu em caminhada para denunciar os danos socioambientais provocados pelas mineradoras no território da Diocese de Juazeiro.
Em sintonia com o tema da Campanha da Fraternidade desse ano, a organização da Romaria em Defesa da Vida escolheu como temática de reflexão “Mineradoras, causadoras da fome e injustiças”.
O município de Campo Alegre de Lourdes conhece bem as mazelas provocadas pela extração mineral. Há quase duas décadas, a comunidade de Angico dos Dias e o entorno sofrem com a exploração de fosfato feita pela empresa Galvani. Além disso, outras comunidades têm sido frequentemente assediadas para pesquisa e implantação de empreendimentos minerários. De acordo com dados levantados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), mais de 80% do território do município está mapeado para mineração.
“A Romaria tem como objetivo denunciar as injustiças, celebrar as lutas e fortalecer a caminhada. As mineradoras aqui em nosso município causam fome, destruição, dor, desorganização, muitos prejuízos para as comunidades. Eles levam o lucro para outros lugares e aqui só fica a destruição. A Romaria em Defesa da Vida fortalece a nossa luta, a nossa organização”, comenta o agente da CPT Anselmo Ferreira.
Como de costume, a Romaria teve início na comunidade do Barreiro. De lá, os/as romeiros/as seguiram em caminhada até o pé do Morro do Tuiuiú, patrimônio natural do município. Durante a caminhada, foram realizadas duas paradas para momentos de reflexão sobre a vida das populações locais e as ameaças aos jeitos de viver das comunidades.
Para o romeiro Cláudio Oliveira, do município de Casa Nova, a Romaria em Defesa da Vida é um momento importante para conscientização da população sobre os impactos da mineração. “Hoje, todos os municípios da Diocese estão ameaçados pela mineração. Sento Sé, Campo Alegre já têm… há projetos para novas mineradoras. As comunidades têm que lutar contra isso, para que a mineração não chegue”, afirmou Oliveira.
O bispo diocesano, Dom Beto Breis, presidiu a Missa, que foi concelebrada pelo Pe. Bernardo Hanke, pároco local. Durante toda a Romaria, os/as participantes expressaram suas reinvindicações e clamores através de faixas, cartazes, cordéis, músicas e poemas. O grupo de jovens da região dos Baixões encerrou a programação da 11ª Romaria em Defesa da Vida com a realização de uma roda de capoeira.
A Romaria em Defesa da Vida é organizada pelo Fórum de Entidades Populares de Campo Alegre de Lourdes, do qual a CPT faz parte, e pela Paróquia Nossa Senhora de Lourdes.
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Foto: Paróquia Nossa Senhora de Lourdes e CPT