Por Os Curupira
O povo Ka’apor vem neste momento sofrendo duros ataques e violência por defender seu projeto de vida que é a floresta.
Em resposta à autogestão do Território Indígena Alto Turiaçu, madeireiros e fazendeiros intensificaram ameaças e estão programando invadir esse final de semana a terra indígena do Povo Kaapor no Maranhão.
Cercaram duas lideranças indígenas da aldeia invadida em dezembro de 2015, os ameaçaram de morte caso não entregassem planos, ações e pessoas e órgãos envolvidas com a proteção territorial. Intimidados, informaram aos agressores tudo sobre o que os indígenas e órgãos que possuem poder de policia fazem e vão fazer. Não vemos nenhuma providência do órgão responsável pela segurança dos indígenas e do território. Com isso, os madeireiros reuniram esses dias na região e planejaram atacar aldeias, pelos municípios da região (Centro do Guilherme, Maranhaozinho, Nova Olinda do Maranhão e Zé Doca).
De ontem para hoje o clima continua tenso.
Hoje pela manhã os madeireiros pararam um carro do Polo Base de Saúde Indígena Zé Doca, em uma estrada conhecida como “Da Conquista”, município Ze Doca, noroeste maranhense, com um servidor e liderança indígena impedindo de retornar para a cidade.
Os Ka’apor vêm realizando ações de organização do povo e proteção do território desde 2010 e são reconhecidos por órgãos nacionais e internacionais como grandes defensores da última área de floresta amazônica da Amazônia Oriental ou Maranhense. Como verdadeiros guardiões da floresta sofreram desde 2008 com 5 lideranças assassinadas, 14 indígenas agredidos (fisicamente e com balas de chumbo), 2 aldeias invadidas, cerca de 8 lideranças e 12 guardas florestais ameaçados ou marcados para morrer.
O resultado do trabalho desenvolvido pelo povo Ka’apor culminou com 3 grandes Assembleias realizadas pelo povo com a definição de um Acordo de Convivência Interno para a vida interna melhorar diante das ameaças da cultura externa, o referendo do Conselho de Gestão Ka’apor com os Tuxá Ka’apor; inicio da Elaboração ou planejamento de seu plano de vida (Janderuhã ha ka’a rehe – Nossa Floresta é nosso Plano de Vida); controle e gestão da saúde pelo próprio povo; Projeto de Educação Diferenciado para a Educação Básica (Ka’a namõ jumu’eha Katu – Aprendendo com a Floresta) com a gestão realizada pelos próprios indígenas que vem encontrando resistência pela Secretaria de Educação do Estado do Maranhão; fechamento de 24 ramais de madeireiros, criação de 07 Áreas de Proteção Ka’apor em defesa do território e criação de Sistemas Agroflorestais Ka’apor nas Áreas de Proteção mantendo, preservando 85% da área de floresta do território sendo que aproximadamente 15% foi devastado e degradado e está sendo recuperado pelo povo indígena.
Diante de tudo isso, esse projeto de Vida está passando por constantes ameaças pelos agressores do entorno, grandes projetos madeireiros, mineradores, agropecuários, e por alguns órgãos do governo que não reconhecem o trabalho importante que os indígenas estão realizando para nossa existência nesse planeta, o potencial do povo, de suas lideranças, de suas instâncias de gestão e decisão, principalmente, o Conselho de Gestao Ka’apor que está sendo questionado, atacado e ameaçado de ser destituído pelo órgão tutelar e não reconhecido por demais órgãos do governo do Estado do Maranhão e alguns entes federais.
Os madeireiros anunciaram nessa semana que vão invadir a terra indígena Alto Turiaçu. O povo está apreendido e teme novos conflitos.
Somos todos Guarany, Kaiowa, Terena, Tupinambá, Munduruku, Ka’apor!
Chega de violência aos Povos Originários desse país.
Por favor, denunciem mais essa violência!