CANI divulga lista entregue ao MPF e à PF em 2015, com nomes dos inimigos do Povo Ka’apor

“Assim, a população do Brasil e do mundo saberão quem deverá ser primeiramente responsabilizado caso algo ocorra, nos próximos dias ou mesmo nos próximos meses, com o povo Kaapor”

OS INIMIGOS DO POVO KAAPOR NO MARANHÃO. A PRIMEIRA LISTA

Há vários anos os Índios Kaapor vem realizando ações de proteção do seu território. O principal resultado tem sido o fortalecimento do próprio povo Kaapor, consolidando a sua cosmovisão, resgatando seus conhecimentos ancestrais, fortalecendo seu modo de vida e sua organização social. Consequentemente, também tem se intensificado a proteção da floresta e de todos os seres que nela habitam.

A ação direta dos Kaapor já provocou o fechamento de 24 ramais abertos ilegalmente, a criação de 07 Áreas indígenas de proteção e o desenvolvimento de um sistema agroflorestal próprio, preservando 85% e recuperando 15% da Terra Indígena (TI) Alto Turiaçu, percentual da TI que foi devastado pelos madeireiros. Porém, isto tem custado caro para este povo. Desde 2008 eles vem sofrendo com inúmeros ataques. O resultado até o momento foi, 5 lideranças assassinadas, aproximadamente 14 indígenas agredidos, 6 baleados, 2 aldeias invadidas, 8 lideranças e 12 guardas florestais indígenas marcados para morrer.

Em 2015 os Kaapor entregaram ao Ministério Público Federal (MPF) uma lista com o nome dos principais envolvidos na violência contra eles. Por sua vez, o MPF repassou a lista para a Polícia Federal (PF), sediada em São Luiz do Maranhão. Tivemos acesso a esta lista que consta os nomes dos madeireiros, fazendeiros, pistoleiros, homicidas e traficantes, além de pessoas aliciadas por estes, que comandaram ou participaram de invasões às aldeias, agressões e baleamento de indígenas e que são acusadas do assassinato de pelo menos uma liderança Kaapor.

Motivados pelo fato de que, desde o ano passado, a Polícia Federal está com esta lista e até o presente momento nenhuma providência foi tomada em relação a estas pessoas, e devido a iminência de um novo ataque ao povo Kaapor, fato que tem sido amplamente noticiado, o Comitê de Apoio às Nações Indígenas resolve tornar público os nomes que fazem parte deste documento. Assim, a população do Brasil e do mundo saberão quem deverá ser primeiramente responsabilizado caso algo ocorra, nos próximos dias ou mesmo nos próximos meses, com o povo Kaapor. São estes os nomes, ocupantes e localização:

– Leleu, madeireiro, dono de maquinas pesadas, caminhão e trator, mora na Vila da Conquista, município de Zé Doca, Estado do Maranhão. Comandou a invasão da aldeia Turizinho do povo Kaapor, em dezembro de 2015;

– Branco, irmão do madeireiro Leleu e morador da Vila da Conquista;

– Raimundinho, também irmão do madeireiro Leleu e morador da Vila da Conquista;

– Antônio Damoda, pistoleiro, homicida perigoso e violento. Junto com o madeireiro Leleu comandou a invasão da aldeia Turizinho. Até pouco tempo este pistoleiro estava refugiado na Fazenda Dayane, localizada próximo à  divisa da Terra Indígena Alto Turiaçu, com saída pelo Pará;

– Danusa, madeireiro, mora na Vila da Conquista;

– Carlinho, dono de uma mecânica de motocicleta que fica na Vila da Conquista;

– Robi, dono de trator e caminhão, mora na Vila da Conquista;

– Garapa, mora na Vila da Conquista;

– Dedé, mora na Vila da Conquista;

– Nenão, mora na Vila da Conquista;

– Adalberto, mora na Vila da Conquista;

– Carlos, mora no povoado do Limão, município de Zé Doca;

– Chico Gomes, madeireiro, mora na cidade de Zé Doca;

– Zé Potassa, dono de dois caminhões marca Mercedes, tirador de estaca das Áreas indígenas, mora no povoado do Limão, município de Zé Doca;

– Netão, madeireiro, fazendeiro e traficante de drogas. Mora no povoado do Nadir, município de Centro do Guilherme.

A Polícia Federal do Brasil não pode continuar se omitindo diante desta situação, sob pena de também ser responsabilizada se algo ocorrer com algum Índio Kaapor decorrente da violência de madeireiros, fazendeiros, pistoleiros ou de qualquer outra pessoa.

O MPF precisa acompanhar ativamente este caso, de forma permanente, cobrando a responsabilidade da PF e demais órgãos, e acionando a Justiça Federal para que esta intervenha na situação, obrigando os órgãos de segurança a tomar providencias contra os agressores do povo Kaapor.

Finalmente, a Funai, Ibama, Governo do Maranhão e Governo Federal também têm a obrigação de tomar providências, para que no futuro não sejamos obrigados a fazer outra lista, agora com os nomes dos indígenas Kaapor assassinados no Maranhão.

COMITÊ DE APOIO ÀS NAÇÕES INDÍGENAS (CANI)

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