Victoria irá banir FRACKING para proteger agricultores e produção da contaminação

A legislação – primeira de seu tipo na Austrália – visa proteger o setor agrícola dos riscos ambientais e de saúde provocados pelos fraturamento hidráulico

Por Silvia Calciolari – Não Fracking Brasil

Estado mais importante e populoso da Austrália, Victoria anuncia que irá proibir permanentemente a exploração e desenvolvimento do fraturamento hidráulico, ou FRACKING, método não convencional altamente poluente e grande consumidor de água para extração e explotação do gás de xisto.

O Premier Daniel Andrew disse na última terça-feira, 30, que a proibição irá proteger a reputação do setor agrícola de Victoria e aliviar as preocupações dos agricultores sobre os riscos ambientais e de saúde associados ao Fracking. “Ouvimos a comunidade e estamos tomando uma decisão que coloca os agricultores e nossa marca verde limpa em primeiro lugar,” destacou o Premier.

A decisão é reflexo da campanha apoiada por integrantes da 350.org Austrália, em sintonia com grupos do movimento contra o Fracking no país reunidos na Coalizão ‘Lock the Gate’ (Bloqueio do Portão). Unidos, eles realizaram durante cinco anos uma ampla mobilização para alertar sobre os riscos e perigos do shale gas, pressionar os governantes para desinvestir em combustíveis fósseis e promover as energias renováveis.

Segundo a coordenadora da Coalizão, Chloe Aldenhoven, cerca de 1,4 milhão de hectares de Victoria estão de alguma forma sob ameaça pela mineração de gás onshore. “O trabalho tem demonstrado uma liderança real, ouvindo as preocupações da comunidade e defendendo a nossa terra, água e a saúde”, afirmou.

Uma produtora de leite na cidade costeira vitoriana de Seaspray, Julie Boulton, disse que a ameaça da mineração de gás não convencional pairava sobre a cabeça dos agricultores durante anos. “Tem sido de cortar o coração, às vezes, quando pensamos que as plataformas de perfuração iriam chegar e não havia nada que pudéssemos fazer”, contou.

“Além dos impactos irreversíveis para os ecossistemas, produção de alimentos e saúde das pessoas, o Fracking é o que há de mais perverso na indústria dos combustíveis fósseis por seus efeitos sobre o clima. Teremos que conter o aquecimento global, e para isso é imperativo banir o Fracking e deixar os hidrocarbonetos no solo”, afirmou a diretora da 350. Brasil e América Latina, Nicole Figueiredo de Oliveira.

Brasil contra o FRACKING

A 350.org articula movimento internacional para denunciar as mudanças climáticas e lutar contra a indústria dos combustíveis fósseis principalmente nos Estados Unidos, Inglaterra, Brasil e vários países da América Latina. A 350.org Brasil e América Latina é uma das coordenadoras da COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil pelo Clima, Água e Vida, frente multissetorial que leva informação e desenvolve pesquisas sobre os riscos e perigos do FRACKING, através da realização de seminários, oficias de capacitação e audiências públicas.

Com uma ação direta junto à comunidade, gestores públicos, parlamentares e movimentos sociais, ambientais e climáticos, a COESUS luta para impedir que o fraturamento hidráulico aconteça no Brasil

De acordo com o Coordenador de Campanhas Climáticas da 350.org e Fundador da COESUS, Eng. Dr. Juliano Bueno de Araujo, já foram realizadas mais de 200 audiências públicas e outras 100 estão sendo articuladas. “Computamos até agora 72 cidades livres do fraturamento hidráulico em território brasileiro ao aprovar legislação municipal proposta pela campanha Não Fracking Brasil para impedir o uso desta tecnologia minerária suja e perversa”, explica Juliano.

A Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANP) leiloou em 2013 blocos para a exploração de gás de xisto na 12ª Rodada. Foram vendidos o subsolo de áreas que abrangem os principais aquíferos. Sem consultar a sociedade e nem os gestores, a ANP decidiu colocar em risco a vida de milhões de brasileiros em 372 cidades de 15 estados.

Os blocos leiloados estão sob os principais aquíferos que abastecem mais de 40 milhões de pessoas, regiões de grande performance para a produção agrícola e de pecuária, áreas de floresta, territórios indígenas e de comunidades tradicionais e de preservação ambiental como a região de Abrolhos, berço de reprodução das baleias Jubarte.

Foto: http://www.premier.vic.gov.au

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