Funai denuncia retenção de cartões de benefício de índios em comércio no Amazonas – Parte 2

Por Maíra Heinen, na EBC

O senhor Américo Socot expressa bem a vontade dos parentes Hupd’äh e Yuhupdëh: viver bem na própria comunidade. No entanto, nos últimos anos, eles têm passado meses em dificuldades quando saem de suas áreas e seguem para o município de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas.

Para ter acesso a documentos e benefícios sociais, eles acampam na beira do Rio Negro, e com a demora no atendimento de órgãos públicos, ficam meses sem o mínimo de estrutura sanitária, com alimentação escassa, enfrentando preconceito e desrespeito.

Entre as situações degradantes vividas por eles está o endividamento junto a comerciantes da cidade. De acordo com Almerinda Ramos, indígena Tariano e coordenadora da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro, por não entenderem bem o valor do dinheiro e não falarem português, é prática comum dos indígenas deixar cartões Bolsa Família e até cartões de banco com os comerciantes locais.

O número de cartões retidos em comércios é alarmante e os dados estão num levantamento feito pela Funai local, como revela o coordenador do órgão, Domingos Sávio.

O fato já foi denunciado ao Ministério Público Federal do Amazonas e o procurador Fernando Merloto, que acompanha o caso, revela preocupação com as ocorrências.

Mesmo após audiência pública realizada em março, questionamentos e recomendações enviadas pelo Ministério Público Federal, quem acompanha a situação dos hupd’äh e Yuhupdëh revela que, por enquanto, nada mudou. E a cada ano os acampamentos e as dívidas desses indígenas crescem cada vez mais na cidade de São Gabriel da Cachoeira.

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