Taxa de suicídio aumenta entre indígenas acampados em São Gabriel da Cachoeira – Parte 3

Por Maíra Heinen, na EBC

“Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si mesmo, e a sua família, saúde e bem-estar, inclusive alimentação…”O 25º artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos reconhece a saúde como um direito inalienável de cada pessoa.

Direito muitas vezes inexistente para os indígenas Hupd’äh e Yuhupdëh acampados em São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas. Malária, desnutrição, alcoolismo, doenças sexualmente transmissíveis, entre outras enfermidades, podem ser facilmente encontradas no beiradão.

Ao permanecerem na cidade, na busca por documentos e benefícios sociais, muitos encontram a morte. A situação caótica é relatada pelo coordenador da Funai Alto Rio Negro, Domingos Sávio. Para o hupd’äh Américo Socot, a grande preocupação é com a saúde das crianças.

Outra triste e delicada constatação nessas populações são os altos índices de suicídio. O antropólogo Renato Athias, pesquisador da Universidade Federal de Pernambuco, estuda os Hupd’äh há mais de 40 anos.

Entre observações e conversas informais com os indígenas, ele percebeu um aumento no número de pessoas que, nos últimos anos, tiraram a própria vida.

O professor conseguiu registrar 31 suicídios entre 2012 e 2015, a partir desses diálogos. Os dados não são oficiais, mas foram repassados por Renato Athias ao Ministério Público Federal, para que sejam investigados.

No entanto, o relatório “Violência Letal contra Crianças e Adolescentes”, divulgado este ano pela Faculdade Latino Americana de Ciências Sociais, corrobora a realidade observada por Renato Athias.

Os municípios que aparecem nos primeiros lugares nas listas de mortalidade suicida são locais de amplo assentamento de comunidades indígenas, como São Gabriel da Cachoeira, Benjamin Constant e Tabatinga, no Amazonas.

Para falar sobre os diversos problemas de saúde vividos pelos indígenas, a reportagem procurou a Secretaria Especial de Saúde Indígena, do Ministério da Saúde, mas não obteve respostas.

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