A Comunidade Quilombola Pesqueira Vazanteira de Caraíbas, situada no Norte de Minas Gerais, em Pedra Maria da Cruz, lançou o fascículo da Nova Cartografia Social do Brasil em sua Comunidade no dia 20 de fevereiro.
Por Alzení Tomáz, Pelo Território Pesqueiro, na CPT
O Fascículo traz a etnografia da comunidade: sua identidade, tradição, cultura e os conflitos que envolvem o reconhecimento do território quilombola pesqueiro. “Nós aqui somos quilombolas e vivemos de uma cultura de pescaria artesanal neste Rio São Francisco e do cultivo de vazantes, essa condição nós não abrimos mão. Nossa cartografia veio para fortalecer essa identidade e esta luta que se estende já há alguns anos”, disse Ranulfo, 45 anos.
A comunidade Quilombola, já reconhecida pela Fundação Cultural Palmares, vem lutando pela regularização fundiária de seu território. Já conseguiu o Termo de Autorização de Uso Sustentável de uma parte do território, concedida pela Secretaria de Patrimônio da União – SPU, a primeira do estado de Minas Gerais, mas os fazendeiros vêm empreendendo ações para expulsar a comunidade do local.
A Nova Cartografia Social é mais um instrumento para fortalecer a luta da Comunidade em torno da regularização fundiária do território quilombola pesqueiro.
A Nova Cartografia Social da Amazônia (PNCSA), coordenada pelo professor Alfredo Wagner, vem desenvolvendo o projeto estimulando à auto cartografia dos Povos e Comunidades Tradicionais no Brasil no fortalecimento dos movimentos sociais e regularização dos territórios tradicionais.
Na Bacia do Rio São Francisco a Nova Cartografia vem sendo coordenada pelo professor Juracy Marques e Alzení Tomáz através da Sociedade Brasileira de Ecologia Humana (SABEH) acerca de 10 anos.
A cartografia vem contando com uma Equipe de Pesquisadores composta pelo Conselho Pastoral dos Pescadores, a Congregação das Irmãs da Divina Providência, mestrandos dos programas de mestrado (PPGET-UFVJM, PPMSAT- UFMG/UNIMONTES; PPGDS-UNIMONTES) e a SABEH.
Na ocasião do lançamento do fascículo na Comunidade de Caraíbas a Equipe de Pesquisa realizou-se mais duas oficinas nos Quilombos Pesqueiros de Croatá e Sangradouro Grande, ambos no município de Januária/MG. Cada fascículo é resultado da relação social entre a Comunidade Tradicional e a equipe de pesquisadores. O MPP demandou da PNSCA através da SABEH a contribuição para realização do instrumento da Cartografia nos Quilombos Pesqueiros do Norte de Minas.
*Pela Equipe de Pesquisa, Alzení Tomáz – Membro do Conselho Pastoral dos Pescadores na Bacia do Rio São Francisco – CPP e Presidente da Sociedade Brasileira de Ecologia Humana – SABEH.
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Imagem: Pelo Território Pesqueiro