Bem Querer o Brasil: a importância de preservarmos o acervo de J.R.Ripper para os povos e comunidades tradicionais e para quem aposta na luta

Vamos recuperar e disponibilizar o acervo digital de João Roberto Ripper, um dos maiores fotodocumentaristas do Brasil! É tempo de resgatar nossa memória!

Na Benfeitoria

Com quase 50 anos de documentação, João Roberto Ripper dedicou sua vida a contar as histórias abafadas ou esquecidas do país. As histórias de injustiças contra crianças e adultos em situação de escravidão; as histórias sobre as dificuldades da seca no semi-árido; mas também as histórias de força das lutas dos movimentos sociais e populações tradicionais pelo Brasil. Nosso objetivo com esta campanha é, em seis meses, trabalhar todo o material nativo digital, isto é, as fotografias produzidas por Ripper após sua transição da fotografia analógica para a digital, organizado e catalogado, com cada uma de suas imagens preenchidas por informações e contexto, contando a história por trás de cada uma das imagens. Este material será então doado para a Fundação Biblioteca Nacional para conservação a longo prazo e será disponibilizado para o público para consulta e pesquisa no site do fotógrafo. Cópias deste acervo também serão enviadas para entidades e instituições documentadas para auxiliar em suas lutas e reforçar suas políticas de memória. 

São cerca de 20 terabytes de arquivo, que cobrem os últimos 15 anos de sua carreira, ainda em andamento. Este projeto é parte de um projeto maior, que inclui todo o acervo de quase 50 anos de Ripper, que contabiliza em mais de 140 mil fotogramas em filme e dezenas de cadernos de campo. Este é nosso primeiro passo na direção de assegurar essa parte importante da memória do Brasil conservada e acessível a todos e todas.

Mas por que o digital?

Avaliamos a importância de começar pelo material nativo digital por sua fragilidade maior. Embora não pareça, os arquivos digitais estão muito mais vulneráveis do que os analógicos. Isso porque os suportes que os abrigam têm vida útil menor, tanto por possíveis defeitos mecânicos quanto por obsolescência acelerada. Tudo isso coloca urgência em transferir este material de suporte e garantir sua segurança. Além disso, entendemos que, embora o material seja abundante, faria mais sentido começarmos por uma porção menor do acervo. Ainda assim, são 15 dos quase 50 anos de trabalho de Ripper.

Mas quem é João Roberto Ripper?

João Roberto Ripper é fotógrafo documental e fotojornalista reconhecido por entidades como a Organização Internacional do Trabalho, o Ministério Público do Trabalho, parceiro de diversas organizações na luta pelos direitos humanos e ambientais. Dedicou sua vida a registrar e fortalecer as múltiplas lutas no Brasil e a denunciar as injustiças no país. O diferencial de sua fotografia é trazer a denúncia junto do afeto. Para Ripper, o fotógrafo deve ser o elo de bem querer entre o fotografado e quem lê a imagem e seu trabalho traduz essa vontade. Suas fotografias muitas vezes retratam as mais absolutas injustiças, mas o fazem sempre mantendo a dignidade, beleza, carinho e força dos fotografados. Sua documentação é toda ela uma aposta na empatia e na capacidade de se comover, não apenas com uma imagem, mas com as pessoas que a compõem. Uma fotografia humanista compartilhada que já fez escola e inspira fotógrafos de todo o país.

Recuperar seu acervo é recontar essas histórias múltiplas. É evidenciar não só outras versões deste país, mas outras formas de narrá-lo. É permitir que seu trabalho – e tudo o que ele acarreta – viva para sempre. E é isto o que esta campanha pretende fazer. 

Ter contato com o trabalho de Ripper é pensar política, memória, direitos humanos, justiça ambiental, mas também humanidade, afeto e esperança. Neste momento da história do Brasil, são tópicos fundamentais. Disponibilizar o acervo de Ripper é dar subsídios e ferramentas às lutas ameaçadas pelo atual governo. É tornar acessível uma outra história do país, uma que contradiz frontalmente as afirmações de quem busca criminalizar movimentos sociais e retirar direitos dos trabalhadores.

Foto: João Roberto Ripper

Temáticas abordadas no conteúdo digital:

– Trabalho escravo;
– Trabalho infantil;
– Seca no semiárido;
– Populações tradicionais: geraizeiros, vazanteiros, quilombolas, colhedores de flores sempre-viva, veredeiros, pescadores, caranguejeiros, caatingueiros, quebradeiras de côco, etc.
– Populações indígenas e povos da Amazônia;
– Universo feminino;
– Cerrado;
– Movimentos sociais: trabalhadores rurais e urbanos, mulheres;
– Favelas;
– Saúde e doenças negligenciadas.

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Veja mais informações e, se possível, faça sua doação AQUI.

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