PF prende mulher apontada como líder dos invasores da Terra Indígena Apyterewa, no Pará

Ação de segurança sofreu ataque por parte dos invasores com rojões e disparo de tiro de arma de fogo que atingiu uma viatura da Polícia Federal.

Por Gil Sóter, g1 Pará

Nesta terça-feira (14), uma das principais lideranças dos invasores da Terra Indígena Apyterewa, em São Félix do Xingu, no sudeste do Pará, foi presa em operação de órgãos federais de segurança em cumprimento à ordem de expulsão de invasores. Durante a prisão os invasores atiraram rojões e disparam um tiro de arma de fogo que atingiu uma viatura da Polícia Federal. Nenhum agente ficou ferido. A mulher não teve o nome revelado.

A mulher é investigada pelos crimes de invasão, desobediência às ordens judiciais que determinaram a desintrusão da área e coação, bem como invasão e exploração econômica da Terra Indígena Apyterewa.

Histórico de crimes na TI

Investigações dos agentes da Polícia Federal, com apoio da Força Nacional e da Polícia Rodoviária Federal, constataram que ela estaria articulando a derrubada das pontes para dificultar o processo de desintrusão. Ela também já foi denunciada pelo Ministério Público Federal (MPF) por organizar e realizar ataques contra agentes da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), no final de 2020.

Em 2021, durante cumprimento de Mandado de Busca e Apreensão na casa dela na Vila Renascer, comunidade de invasores que fica dentro da Terra Indígena Apyterewa, foi presa em flagrante por posse ilegal de arma de fogo, posse irregular de minério, manter em cativeiro animal silvestre e por fazer funcionar farmácia e posto de combustíveis clandestinos na terra indígena.

Ela e o marido respondem, ainda, pelo crime de concussão por terem exigido pagamento de R$ 30 mil mensais pelo prefeito de uma cidade goiana em troca de “governabilidade tranquila”. Os dois são acusados de intimidar o prefeito com base no histórico criminal do marido. A mulher teve seu mandato de vereadora cassado.

Prisões

Esta semana, a Polícia Federal também prendeu o presidente de uma Associação de trabalhadores rurais em São Félix do Xingu, no sul do Pará, por suspeita de invasão e exploração da terra indígena Trincheira Bacajá.

Além do mandado de prisão preventiva,a Polícia Federal cumpriu quatro mandados de busca e apreensão na área de Vila Sudoeste, zona rural de São Félix do Xingu.

A ação realizada nesta sexta-feira (10) com o apoio da Força Nacional integra a Operação de Desintrusão das Terras Indígenas Apyterewa e Trincheira Bacajá, que ocorre desde o início de outubro.

Segundo as investigações, Rivelino Sales Rodrigues, presidente da Associação dos Trabalhadores Rurais da Região do Assentamento da Terra Prometida (Atratp), teria incitado a invasão à terra e enganado os invasores com a falsa promessa de regularização da área.

Ainda conforme a assessoria da Operação de Desintrusão, o presidente da Associação ainda teria desobedecido ordens judiciais que determinava a desintrusão da terra indígena.

Além do presidente da associação de trabalhadores rurais, são alvo da Operação da Polícia Federal também a mulher dele, uma secretária da Associação e duas pessoas que estariam envolvidas na instalação de uma escola instalada de forma irregular dentro da TI.

O preso foi encaminhado ao Presídio de Redenção, onde ficará a disposição da justiça. Ele foi preso pelo crimes de “invasão e exploração econômica da Terra Indígena e por constituir e liderar associação criminosa com o fim de obter vantagens ilícitas”. O g1 tenta contato com a defesa dos alvos da operação e com a associação.

Terras sob ameaça

O Governo Federal realiza operação de desintrusão, como é chamada a expulsão de invasores de reservas indígenas, desde outubro nas Terras Indígenas Apyterewa, do povo Parakanã, e Trincheira Bacajá, dos povos Kayapó e Xikrin. A ação é marcada por tensão, segundo moradores ambientalistas, e um homem morreu na área. As áreas já foram alvo de operações federais contra garimpo nos últimos anos.

A TI Trincheira Bacajá alcançou o quarto lugar no ranking das áreas indígenas mais desmatadas na região em 2020, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Já a TI Apyterewa teve o maior desmatamento do país por 4 anos consecutivos e perdeu área maior do que Fortaleza. Imagens de satélite mostram a devastação entre 2020 e 2022 e foram expostas em estudo do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).

A área de preservação indígena foi homologada por decreto em 2007, reservando 773 mil hectares ao povo Parakanã. O território fica dentro do município de São Félix do Xingu, no sudeste do Pará.

 

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