Tania Pacheco
Já noticiamos brevemente o lançamento de “Dono é quem desmata”: conexões entre grilagem e desmatamento no sudoeste paraense, em edição digital que pode ser baixada gratuitamente AQUI.
Na definição de Maurício Torres, o livro, que tem co-autoria de Juan Doblas e Daniela Fernandes Alarcon, “se conecta diretamente ao momento político que vivemos – em particular, com as operações Carne Fraca e Carne Fria”. E ele acrescenta:
“Foi um trabalho especialmente difícil de fazer, em um contexto de pressões e ameaças, mas estamos contentes em compartilhar seus resultados, que demonstram, de forma contundente, a ilegalidade de setores econômicos como a pecuária, certos equívocos da atuação do Estado, e, o que sempre nos dá esperanças, a atuação dos povos indígenas e comunidades tradicionais na defesa de seus territórios”.
Maurício Torres vem escrevendo, com Sue Bradford, uma série de reportagens sob o título geral “Tapajós sob ataque”, postadas originalmente no The Intercept Brasil e republicadas pelo Combate Racismo Ambiental. A última, a décima, é dedicada à “famiglia Vivela” (aqui) e seu herdeiro, apontado pelo Ministério Público Federal como um dos maiores grileiros do País: J.J. Vilela Filho. Ele é também uma das figuras denunciadas no livro, num exemplo de até onde o capital pode subjugar, corromper e destruir.
Abaixo, para interessar ainda mais o leitor, transcrevemos o texto de divulgação da obra:
“Debruçando-se sobre a porção sudoeste do Pará, ao longo do eixo da rodovia Cuiabá-Santarém (BR-163), Dono é quem desmata: conexões entre grilagem e desmatamento no sudoeste paraense, de Mauricio Torres, Juan Doblas e Daniela Fernandes Alarcon, investiga as dinâmicas de desmatamento associado à grilagem e o controle de unidades de conservação pelo crime organizado da madeira. Amparando-se em trabalhos de campo realizados entre 2004 e 2016, a obra analisa três contextos principais: a zona de influência da sede municipal de Novo Progresso, o distrito de Castelo de Sonhos (Altamira) e a região da Gleba Leite, localizada em porções dos municípios de Altamira, Rurópolis e Trairão.
A atuação de grileiros como Ezequiel Castanha e Antonio José Junqueira Vilela Filho – alvos, respectivamente, das operações Castanheira e Rios Voadores, levadas a cabo pela Polícia Federal (PF) – é caracterizada em detalhes pelos autores. Também são descritos os mecanismos empregados para compra de gado de áreas desmatadas ilegalmente por processadoras de carne como a JBS, investigada nas operações Carne Fraca, da PF, e Carne Fria, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
A obra empresta seu título da fala de um grileiro de Novo Progresso, que buscava, assim, justificar seu “direito” às terras por ele desmatadas. “A máxima, além de sintetizar a articulação entre desflorestamento e grilagem de terras públicas na Amazônia, revela uma triste realidade: sim, quem derruba a floresta acaba dono. Apesar de emitir multas e embargos, o Estado não retoma essas terras e, comumente, beneficia o criminoso por meio de políticas públicas que permitem a legitimação da grilagem”, concluem os autores.”
Repetindo: para baixar é só clicar AQUI.