‘Justiça’ manda soltar fazendeiros envolvidos em ataque a indígenas com morte em Caarapó

Episódio ocorrido na Fazenda Yvu deixou um morto e oito feridos

Por Flávio Brito, na Capital news

O TRF 3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região), que abrange Mato Grosso do Sul e tem sede em São Paulo, concedeu habeas corpus aos fazendeiros acusados de ataques a indígenas em Caarapó. Conforme a defesa de dois dos réus, a liminar foi concedida nesta terça-feira (28).

De acordo com a defesa, a Justiça entendeu que  Dionei Guedin, Eduardo Yoshio Tomonaga, Jesus Camacho, Virgilio Mettifogo e Nelson Buainain Filho não fizeram nada que pudesse prejudicar o andamento do processo, informou o site Dourados News. A pedido do Ministério Público Federal (MPF), a 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) havia mantido a prisão preventiva dos cinco acusados de envolvimento no ataque, em junho do ano passado. O episódio ocorrido na comunidade Tey Kuê, na Fazenda Yvu, localizada em Caarapó (MS), deixou um morto e oito feridos.

Com base na decisão do STF, a Força-Tarefa Avá Guarani requereu à Justiça Federal a expedição de mandado de prisão preventiva contra os fazendeiros. “Frise-se a urgência da medida em face da notória possibilidade de fuga, especialmente em razão de os endereços comerciais e residenciais dos corréus situarem-se em zona de fronteira”, alegaram os procuradores da República que compõem a Força-Tarefa.

Os cinco mandados foram expedidos e cumpridos pela Polícia Federal no dia 28 de setembro, em Dourados (MS).

Relembre o caso 

No dia 12 de junho de 2016, índios da comunidade Tey Kuê, da etnia Guarani-Kaiowá, ocuparam a Fazenda Yvu, em Caarapó (MS) – que incide sobre a Terra Indígena Dourados Amambaipeguá. No dia seguinte, agentes da Polícia Federal foram notificados da ocupação por fazendeiros que os levaram até o local. Os policiais não encontraram reféns e foram informados pelos indígenas de que o proprietário poderia, em 24h, retirar o gado e seus pertences do local. Sem mandado de reintegração de posse, os PFs retornaram a Dourados.

De acordo com informações divulgadas pelo MPF, frustrados da expectativa de que os policiais retirariam os índios do local, os proprietários rurais e mais 200 ou 300 pessoas, munidas de armas de fogo e rojões, se organizaram para expulsar os índios no dia 14 de junho. Conforme a Procuradoria da República, foram mais de 40 caminhonetes que cercaram os índios, com auxílio de uma pá carregadeira, e começaram a disparar em direção à comunidade, conforme as testemunhas ouvidas à época. De um grupo de 40 a 50 índios, oito ficaram feridos e um veio a óbito.

Nota de Combate para não esquecermos: o que “veio a óbito” tinha nome. Era o agente de saúde indígena Clodiodi Aquileu Rodrigues de Souza, 23 anos.

Destaque: Velório de Clodiodi, vítima do massacre de Caarapó. Foto: Ana Mendes/Cimi.

 

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