Um acampamento heroico na luta em defesa da água como direito e bem comum e contra seu roubo para as indústrias do Pecém

Por João Alfredo Telles Melo

Amanhã, dia 19, se completará um mês em que indígenas, donas de casa, moradores das comunidades tradicionais de pescadores e agricultores da Taíba, do Pecém e de outras localidades de São Gonçalo, Ceará, acamparam na localidade de Parada para protestar contra o roubo da água dessas populações para abastecer as indústrias “sedentas” e poluentes do Pecém.

Esse roubo se dá ou pela transposição das águas do Lagamar do Cauípe (no município vizinho de Caucaia), atualmente suspenso provisoriamente pela Justiça Federal, ou pela perfuração de poços profundos nos entornos das dunas da região, cuja água é canalizada diretamente para o Complexo Industrial do Pecém, o CIPP (onde o governo garantiu, com todas as facilidades, a construção e funcionamento de uma siderúrgica e de termelétricas, altamente consumidoras de água e poluentes). Isso tudo depois de secar o Açude Sítios Novos em Caucaia e de contribuir para o quase esgotamento do Açude Castanhão, cujo canal tem duas derivações: para Fortaleza e para o CIPP.

Os impactos serão tremendos com o rebaixamento e a salinização do lenço freático, que abastece todas essas comunidades, por meio de seus poços e cacimbas. Para o Governo Camilo, os interesses do grande capital nacional e multinacional estão acima dos direitos da população: o lucro está acima da vida.

No último dia 6 de julho, houve uma manifestação que foi reprimida pela polícia do governo estadual. Na Justiça Estadual, correm duas ações (em Caucaia e São Gonçalo), cujos juízes concederam liminares para suspender as obras, mas, o governo conseguiu suspendê-las no Tribunal de Justiça. Na Justiça Federal, corre outra ação, onde a Defensoria Pública da União conseguiu um liminar suspendendo a retirada de águas do Cauípe. O Ibama embargou as obras por falta de licença, mas, depois, ela apareceu. Portanto, é preciso acompanhar e pressionar governo, prefeitura e justiça para se garantir o que mandam as leis nacional e estadual de recursos hídricos, que garantem a prioridade para o consumo humano, e não o industrial, como quer o governo.

É PRECISO APOIAR O ACAMPAMENTO DA PARADA E A LUTA PELA ÁGUA!

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