Luta de atingidos de Barra Longa obriga Renova reconhecer garimpeiros e pescadores

Após 11 dias de fechamento de rodovia em Barra Longa, MG, atingidos pela lama da Samarco/Vale/BHP conquistam reconhecimento de garimpeiros e pescadores

No MAB

Há ainda milhares de atingidos não reconhecidos, sem nenhum direito reparado, após três anos do rompimento da barragem de Fundão. Entre estes estão mulheres que perderam sua renda com o rompimento, mas que a Fundação Renova insiste em não enxergar as formas de trabalho que elas possuíam antes do crime. 

Estão também pescadores e pescadoras que exerciam o trabalho das mais diversas formas, se alimentavam do peixe e o vendiam também, mas que a Renova mais uma vez insiste em dizer que não pescavam e que não perderam sua possibilidade de renda e alimentação devido ao rompimento. Estão também garimpeiros e garimpeiras, categoria que ajudou a construir a história das cidades do alto Rio Doce, mas que a Fundação Renova segue na insistência em dizer que não perderam sua atividade econômica por causa do rompimento.

Com todas essas reivindicações, atingidos de Barra Longa, Acaiaca e Mariana bloquearam a entrada da cidade de Barra Longa para veículos a serviço da Fundação Renova, durante 11 dias, nos meses de setembro e outubro.

Como conquista da luta, a Fundação Renova começa essa semana o cadastramento de garimpeiros e garimpeiras, pescadores e pescadoras, destes municípios. São cerca de 300 atingidos que devem ser cadastrados em 4 dias.

Garimpeiros e pescadores trabalham por toda extensão dos rios Gualaxo do Norte e Carmo, atingidos pela lama da barragem da Samarco. Além disso, as formas de executar o trabalho são transmitidas através de gerações. Esses são alguns dos motivos pelos quais essas populações devem ser consideradas comunidades tradicionais. Essas categorias também perderam a possibilidade de geração de renda devido à passagem e o depósito da lama nos rios.

Os atingidos se preparam para continuar a luta por direitos. “Tem muita gente que foi cadastrada há muito tempo e não recebeu nada até hoje, então sabemos que para termos nossos direitos de verdade vamos precisar continuar unidos”, anima-se Vanildo, garimpeiro e morador de Acaiaca.

Imagem: Cadastro dos atingidos – Reprodução do MAB.

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