Nota de repúdio à violência praticada contra a comunidade Guarani Mbya da Ponta do Arado (RS)

Na CPT

Entidades e organizações sociais divulgaram Nota Pública repudiando as diversas formas de violência praticadas recentemente contra a comunidade Guarani Mbya, de Ponta do Arado, em Porto Alegre (RS). Confira o documento:

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Diante dos fatos ocorridos na madrugada do dia 11/01/2019, quando homens encapuzados dispararam diversos tiros sobre os barracos dos indígenas, da comunidade Guarani Mbya, da Ponta do Arado, em Porto Alegre, ameaçando-os de morte, nós, entidades abaixo assinadas, nos manifestamos, repudiando com veemência tais crimes e pedimos providências por parte do Estado:

Cresceu nos últimos tempos em nosso país o acirramento da violência contra os povos originários, especialmente os indígenas, sobretudo a negação do direito fundamental ao território e o desrespeito à sua cultura, o que fere a Constituição Federal. Marcas desta violência se espalham de norte a sul do Brasil, através de ameaças, assassinatos de lideranças indígenas, incêndios de escolas e postos de saúde de suas comunidades, entre outras ações criminosas: atitudes com marcas de extermínio.

Defendemos a vida em primeiro lugar e entendemos como legítimo o direito desta comunidade Guarani na ação de retomada desta área que é, antes de tudo, um importante sítio arqueológico deste povo – o povo Guarani.

Repudiamos as ações de ameaças e intimidação proferidas por seguranças que prestam serviços aos interesses da especulação imobiliária da região: não só a comunidade indígena vem sendo vigiada e ameaçada desde meados do ano passado, quando os indígenas retornaram à área, como também pessoas que os apoiam, como os pescadores da região, cujos barcos são o único acesso possível.

Apoiamos e fazemos coro à fala do cacique Timóteo Karai Mirim: “Essa terra aqui é um lugar nosso antigo, é muito importante para nós. Por isso voltamos para cá e queremos viver aqui. Queremos que o Ministério Público e a Funai nos acompanhem, porque estamos longe da cidade, isolados. É difícil, queremos que nos protejam”.

Basta de violência e impunidade.

Porto Alegre (RS), 14/01/2019

Assinam:

Cáritas Brasileira – Regional do Rio Grande do Sul
Conselho Indigenista Missionário – CIMI SUL 
Movimento Estadual Fé e Política 
Escola de Formação Fé, Política e Trabalho. 
Centro de Estudos Bíblicos – CEBI 
Comunidades Eclesiais de Base – CEBs.
Comissão Pastoral da Terra – CPT
Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais – ABONG
Instituto IDHES
Ir. Michele da Silva
Missionárias de Cristo Ressuscitado

Foto: Douglas Freitas / Amigos da Terra Brasil

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