Garimpo ilegal em Área Protegida cresceu 90% no governo Bolsonaro

Em apenas um ano, a área ocupada pela atividade no país aumentou em 35 mil hectares, o equivalente ao tamanho de uma cidade como Curitiba.

ClimaInfo

O garimpo viveu um boom sem precedentes durante os quatros anos do desgoverno do inominável em todo o país, mas particularmente na Amazônia. Na verdade, o avanço da atividade começou já em 2018, último ano do mandato de Michel Temer, e chegou a recordes em 2022, mostra um levantamento do MapBiomas, feito a partir de imagens de satélite.

Especificamente no período entre 2019 e 2022, a atuação de garimpo cresceu 90% em Áreas Protegidas (AP), destaca Carlos Madeiro no UOL. No último ano do governo Temer, em 2018, havia 54,2 mil hectares ocupados por garimpeiros em Unidades de Conservação (UCs) e Terras Indígenas (TIs). Já em 2022, saltou para 103,4 mil hectares – equivalente à soma dos territórios de Salvador e de Fortaleza.

Destrinchando os números, em 2018 as TIs tinham 9,5 mil hectares ocupados pelo garimpo ilegal, enquanto Unidades de Conservação contabilizavam 44,7 mil hectares. Já em 2022, a área devastada cresceu para 25 mil hectares nas Terras Indígenas e 78 mil hectares nas Unidades de Conservação.

Apenas no ano passado, a área ocupada pelo garimpo no país aumentou em 35 mil hectares, área equivalente à ocupada por Curitiba, compara o g1. O crescimento se concentrou principalmente na Amazônia, que, no ano passado, abrigava 92% da área garimpada no Brasil.

Nos últimos cinco anos, como destaca a CNN Brasil, cerca de 40,7% da área total de garimpo foi aberta dentro do território amazônico. E com a atividade ilegal, o meio ambiente também é afetado. Segundo as imagens de satélite, é possível notar que os rios Tapajós e Amazonas tiveram trechos poluídos.

Para Hugo Ferreira Netto Loss, analista ambiental do IBAMA que atua no combate ao desmatamento e ao garimpo ilegal, há um descompasso do controle ambiental das permissões de lavra garimpeira e a necessidade de controlar as máquinas utilizadas nos garimpos do Brasil.

“As atividades de garimpo se desenvolveram de forma a tornar cada vez mais eficiente a captura dos metais e minerais. Contudo, a modernização dos mecanismos de controle ambiental não evoluiu no mesmo ritmo das técnicas. Isso resultou no amplo uso de máquinas pesadas, produtos tóxicos e perigosos, com baixo uso tecnológico e com fortes impactos às populações tradicionais e ao meio ambiente. É extremamente necessária a adaptação normativa para regular a atividade”, explica, em artigo n’((o))eco.

Poder360, VEJA, Valor, Correio Braziliense, Rede Brasil Atual, Agência Brasil e TV Cultura noticiaram o avanço do garimpo ilegal no governo Bolsonaro.

Em tempo: Sócio majoritário da MVP Participações, mineradora que tem negócios com um garimpeiro investigado pela Polícia Federal por uso de mercúrio ilegal para extração de ouro, o desembargador Orlando de Almeida Perri, do Tribunal de Justiça do Mato Grosso (TJ-MT), atuou na corte em um julgamento decisivo para o setor mineral no estado, mostra a Repórter Brasil. “Precisamos acabar com essa ‘esquizofrenia’ que a mineração acaba com o meio ambiente”, afirmou Perri, durante sessão em fevereiro de 2022. Na ocasião, o TJ-MT votava a suspensão de uma lei estadual que liberava a extração de minérios nas Reservas Legais, áreas privadas com vegetação nativa preservada. Perri virou alvo de uma investigação preliminar do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre uma possível violação de deveres. A MVP Participações tem dois pedidos de pesquisa de ouro aprovados pela Agência Nacional de Mineração (ANM) e sociedade com outras quatro mineradoras.

Imagem: Alan Chaves / AFP

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